A oposição venezuelana conquistou, este domingo, a maioria parlamentar pela primeira vez em 16 anos, anunciou esta segunda-feira o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

A Mesa da Unidade Democrática (MUD), coligação da oposição, obteve 99 assentos — conquistando uma maioria de dois terços — contra 46 do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do Presidente Nicolás Maduro, anunciou a presidente do CNE, Tibisay Lucena, numa aparição pública cerca de cinco horas depois do encerramento das urnas, quando a contagem dos votos ainda não terminou.

Segundo Tibisay Lucena, houve uma “participação extraordinária” de 74,25% nas eleições parlamentares de domingo e já foram contabilizados 96,03% dos votos, sendo as tendências “irreversíveis”.

Maduro reconhece derrota

Nicólas Maduro reagiu, citado pela Reuters, logo de seguida para admitir a derrota: “Nós estamos aqui, com moral e ética, para reconhecer o resultado adverso, aceitá-los e dizer à nossa Venezuela que a Constituição e a democracia triunfaram”. No entanto, o sucessor de Hugo Chávez responsabilizou os líderes empresariais e outros opositores de sabotarem a economia levando à derrota nas eleições. “A guerra económica triunfou hoje”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Acrescentou ainda que “na Venezuela não triunfou a oposição”, triunfou “um plano contrarrevolucionário para desmantelar o Estado social-democrático de justiça e de direitos”, vincou.

Apesar de tudo Maduro não tem dúvidas de que “perdemos uma batalha hoje, mas a luta para construir o socialismo só agora começou”.  “Foi um dia longo, com uma grande jornada de participação, em que quase 75% dos eleitores acudiram a expressar o seu voto”, disse. Por outro lado destacou que se trata da 20.ª eleição, “de um ciclo profundo de democracia” na Venezuela. “Sempre temos sabido reconhecer os resultados, em todas as circunstâncias”.

Do outro lado, os líderes da oposição revelaram estar satisfeitos com os resultados, que surgiu num quadro de uma recessão económica profunda do país, que também é atingido pela hiperinflação e pela frequente ausência de bens essenciais nas prateleiras dos supermercados: “Estamos a atravessar a pior crise da nossa história”, afirmou o líder da coligação da oposição Jesus Torrealba, antes de esclarecer que a “Venezuela queria uma mudança e essa mudança chegou (…) uma nova maioria manifestou-se e enviou uma mensagem clara e audível”.