O tiroteio em San Bernardino, na Califórnia, que vitimou 14 pessoas na semana passada, já foi classificado pelas autoridades americanas como um ato terrorista. Já foi comprovado também que o casal responsável pelos ataques, Syed Rizwan Farook e Tashfeen Malik, se tinham radicalizado. Mas não existem ainda provas de que estes tenham recebido algum tipo de apoio de um grupo terrorista ou se, pelo contrário, atuaram sozinhos.

Mas saíram agora novas pistas que podem esclarecer outro aspeto do caso – como eles se financiaram. Conta o Wall Street Journal que um dos autores do atentado terá recebido um empréstimo de 28.500 dólares (cerca de 26.300 euros) nas semanas que antecederam o ataque.

O mesmo jornal, citando uma fonte próxima ao processo, refere que a quantia foi disponibilizada por uma das maiores plataformas online americanas de empréstimos, sediada em São Francisco, chamada Prosper Marketplace Inc.

autores San Bernardino

Syed Rizwan Farook e Tashfeen Malik. Um dos dois autores do tiroteio em San Bernardino terá recebido um empréstimo de mais de 26 mil euros antes do ataque que vitimou 14 pessoas. FBI

A Prosper já reagiu a estas novas informações e, através de um comunicado, explicou que “os empréstimos originários através da plataforma da Prosper estão sujeitos a todas as verificações de identidade e procedimentos de rastreio exigidos por lei, incluindo as do antiterrorismo americano e as leis contra a lavagem de dinheiro. Como parte dos nossos procedimentos padrão também confirmamos que todos os fundos de empréstimo são desembolsados por uma conta bancária verificada dos EUA em nome do mutuário”.

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Este tipo de plataformas são formas comuns de financiamento dos cidadãos nos EUA, tornando-se numa via mais simples e fácil do que os tradicionais bancos para conseguir recolher empréstimos. No entanto, não existem sinais de que a Prosper tenha, de alguma maneira, conduzido qualquer irregularidade ou negligência na gestão deste processo em particular – embora acentue as dúvidas sobre a forma como esta indústria regulada atua.

Uma dos métodos utilizados para controlar a atuação destas empresas online é a proibição de realizar transações com suspeitos de terrorismo ou cidadãos previamente designados. No caso concreto de San Bernardino o FBI já revelou que nenhum dos suspeitos estava identificado.

Em relação aos procedimentos utilizados pela Prosper, o Wall Street Journal conta que esta pede aos requerentes que especifiquem o que querem fazer com a quantia emprestada mas, e como acontece com muitas instituições bancárias, esta plataforma não verifica a veracidade das intenções alegadas pelas pessoas requerentes.

Apesar de tudo, a Prosper não concede diretamente nenhuma linha de crédito. Isto porque o seu modo de funcionamento consiste na recolha de potenciais requerentes vendendo, em seguida, os empréstimos através do seu site. Mas a quantia é depois disponibilizada pela WebBank, em Salt Lake City, do Estado do Utah, e que pertence à empresa Steel Partners Holdings LP.

Ora, a WebBank também já teve de vir a público fazer um esclarecimento sobre este caso. Em comunicado a instituição esclarece que a legislação federal e estadual impede de fazer qualquer comentário público sobre um cliente em específico, mas refere que todos os pedidos são verificados em conformidade com todos os requisitos legais.