Guo Guangchang esteve quatro dias desaparecido. Na terça-feira, voltou. Entrou na reunião anual da empresa que lidera, o grupo Fosun – que em Portugal detém a Fidelidade e a Espírito Santo Saúde – e foi recebido com dois minutos de aplausos. Esta quarta-feira, o Financial Times escreve que a Europa pode não estar propriamente a aplaudir a boa-nova e que o seu desaparecimento sem justificação pode ter prejudicado as investidas do grupo chinês no Velho Continente.

Na Alemanha, a Fosun aguarda a decisão do regulador financeiro e do Banco Central Europeu (BCE) sobre a compra do banco Hauck & Aufhauser – uma operação que ronda 210 milhões de euros. Já na luta pela aquisição do banco londrino BHF Kleinwort Benson, é provável que o gigante chinês perca para o banco privado francês Oddo & Cie, informa ainda o Financial Times.

A publicação britânica acrescenta que não é expectável que o regulador financeiro alemão faça a recomendação final ao BCE sobre a compra do Hauck & Aufhauser antes do Natal, de acordo com pessoas próximas do processo. No que diz respeito às operações que envolvem a compra do BHF, o BCE já considerou que a Fosun é um potencial proprietário, “ajustado e adequado” do banco, mas que só pode sê-lo mediante algumas condições, como o facto de o banco se manter dentro daquilo que é o esquema de garantia de depósitos alemão para os bancos privados.

“No que diz respeito ao BHF, não acho que ele tenha credibilidade na Europa para continuar com isto”, disse uma fonte envolvida no processo ao Financial Times. “Acreditaria nele [Guo Guangchang] se agora chegasse e dissesse ‘tenho um acesso perfeito ao mercado chinês e posso abri-lo para vocês’?”, acrescentou. Quer o banco quer o BCE recusaram-se a comentar.

Na base da fortuna de Guo Guangchang – avaliada em cerca de 6,61 mil milhões de euros, segundo a Forbes – está a forma como tem vindo a somar “agressivamente” aquisições de outras empresas. O líder da Fosun, que esteve incontactável por ter estado “a cooperar com as autoridades chinesas numa investigação judicial”, é a 17ª pessoa mais rica da China.

Em Portugal, a Fosun detém a Fidelidade e a Espírito Santo Saúde, reconvertida em Luz Saúde, e uma participação de 5,3% na REN. Além disso, o grupo chinês foi um dos candidatos à compra do Novo Banco, até as negociações terem sido suspensas pelo Banco de Portugal.

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