A ex-ministra das Finanças garantiu esta segunda-feira, numa entrevista na TVI, ter feito “tudo” para vender o Banif durante os mais de dois anos em que foi ministra. “Recebi vários investidores interessados e encaminhei-os para a administração. Infelizmente nunca chegou uma proposta”, disse Maria Luís Albuquerque, respondendo também a Jorge Tomé, da administração do Banif, que disse que o anterior Governo deu prioridade à venda do Novo Banco, pondo em stand by uma solução para o banco agora resolvido pelo Banco de Portugal: “Isso até podia ter sido uma oportunidade, alguém querer também ou, em alternativa [ao Novo Banco], o Banif”.

Afirmando ter apresentado em Bruxelas “8 planos de reestruturação” do banco, “o último em setembro”, Maria Luís recusou as críticas de “inação” feitas por Mário Centeno, seu sucessor. “Não percebo o que quer dizer. Procurámos um comprador. Mas não conseguimos, assim como este governo não conseguiu evitar a resolução do banco, que foi decidida pelo Banco de Portugal”. E acrescentou um ponto: “A viabilidade do Banif foi sempre posta em causa pela Comissão Europeia”.

Dizendo-se “sem informação suficiente” para fazer um julgamento da operação realizada este fim de semana, a ex-ministra não deixou de manifestar várias dúvidas sobre o processo. “Surpreendida com os montantes” envolvidos, com “muitas dúvidas” sobre o peso que é dado aos contribuintes (ao invés de isso acontecer sobre o sistema financeiro, como no BES), até levantando dúvidas sobre “divergências” entre o comunicado da Comissão Europeia e o que disseram António Costa e o Banco de Portugal, Maria Luís Albuquerque apoiou a comissão de inquérito que vai acontecer ao caso, e deixou clara uma crítica a Carlos Costa: “Há claramente um problema de supervisão, que deve ser mais uma vez analisado”.

Para já, pede dados ao novo Governo: que propostas existiram para a compra do banco, que alternativas existiram. Que mais dados tinha o Governo e o banco central para chegarem a esta decisão.

Mesmo assim, durante a entrevista, a agora deputada do PSD frisou sempre que a situação do Banif não era, até ter saído do Governo, tão dramática como agora se mostrou. “Foi sempre uma situação difícil, mas apesar dos planos de reestruturação terem sido chumbados [em Bruxelas], foi pondo em prática esses planos com bons resultados”, disse, admitindo que tudo tenha piorado substancialmente na última semana, depois da TVI (onde dava a entrevista) ter noticiado a hipótese de fecho do banco.

Os problemas no Banif, disse Maria Luís, já existiam em 2011, “como em todo o setor bancário”. E tinham como causas as regras existentes, assim as “más práticas” da banca até então. Os planos de ajuda do Estado “melhoraram a situação”, mas há “desafios” que persistem. Como a economia, que passou por uma recessão, ou os juros baixos do BCE, que não ajudam à rentabilidade das operações. Sugerindo um caminho de “fusões ou aquisições” para os bancos ganharem escala, a ex-ministra sublinhou sempre que a situação “hoje é incomparavelmente melhor” do que quando assumiu funções no anterior Governo. E lembrou que quando lá chegou teve “também só um mês para resolver o problema do BPN”. “Ainda hoje acredito que resolvi da melhor forma”, disse.

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