O líder do Podemos, Pablo Iglesias, propôs hoje uma “figura independente de prestígio” como presidente do Governo espanhol, caso os próprios socialistas do PSOE impeçam Pedro Sánchez de “tentar sê-lo”, na sequência das eleições gerais de domingo.

O Podemos de Pablo Iglesias entrará diretamente no Congresso dos Deputados com 69 assentos, juntando os deputados das formações “irmãs” de Valência, Catalunha e Galiza).

A vitória curta do PP, sem maioria absoluta (123 deputados), abriu caminho a um eventual acordo do PSOE de Pedro Sánchez (90 deputados) com outras forças de esquerda como o Podemos e os independentistas catalães da Esquerra Republicana Catalana (ERC) para afastar a direita do poder (que ocupam desde 2011).

Os “barões” do PSOE – na Andaluzia ou na Extremadura – afirmaram após as eleições que os socialistas não devem “entrar em aventuras”, formando um governo a quatro ou a cinco partidos. Sobretudo rejeitam uma das “linhas vermelhas” do Podemos: reformar a constituição para permitir um referendo sobre a independência, mas apenas na Catalunha.

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Num artigo publicado hoje no Huffington Post, Pablo Iglesias pergunta “Onde está Pedro Sánchez? Como é possível que ainda não tenhamos falado?” e “Não contempla a possibilidade de um governo alternativo a Rajoy?”.

No artigo – com o título “Não deixam o Pedro” – Iglesias fala em “fuga à responsabilidade do PSOE e paralisia do seu secretário-geral”.

“Se não deixam o Pedro Sánchez tentar ser presidente, porque talvez não esteja sequer em condições de ser o líder do seu partido, talvez seja o momento de que uma figura independente de prestígio assuma os passos necessários para tentar que em Espanha deixe de governar o PP e ponhamos um fim ao tempo da corrupção e da desigualdade”, escreve o secretário-geral do Podemos.

Hoje mesmo o secretário-geral do Podemos intensificou os contactos com os principais líderes políticos (depois de na segunda-feira ter trocado mensagens com o presidente do Governo, Mariano Rajoy, com Pedro Sánchez e com o líder do Ciudadanos, Albert Rivera).

Entre os contactos feitos por Pablo Iglesias estão os cabeças-de-lista do Partido Nacionalista Basco (PNV), Aitor Esteban, da Democràcia i Libertat (independentistas da Catalunha), Francesc Homs, e da Unidad Popular-Izquierda Unida, Alberto Garzón (UP, antigo Partido Comunista espanhol).

Todos estes partidos poderiam ser fundamentais para somar os votos necessários para bloquear a investidura de Mariano Rajoy (votação que acontece uma vez formado o novo parlamento).

Também trocou mensagens com Gabriel Rufián, da Esquerra Republicana Catalana (ERC, independentistas catalães).

A ERC elegeu 9 deputados, a Democràcia i Libertat oito, o PNV obteve seis e UP-Izquierda Unida outros dois. Estes quatro partidos representam em conjunto 25 votos, que uma eventual coligação Podemos-PSOE necessita para obter a uma maioria absoluta (que se atinge aos 176).