Um ciclone de inverno está a elevar a temperatura no Círculo Ártico acima do ponto de congelamento. Esta tempestade – que já foi responsável por dois tornados nos Estados Unidos e por várias cheias no país – tem empurrado ventos quentes à medida que a pressão atmosférica diminui. Como resultado, os termómetros no Polo Norte já apontaram para valores 10ºC acima do normal para esta época do ano, conta o The Washington Post. O mesmo jornal escreve que “a área em redor do Polo Norte estava quase tão quente quanto Chicago na quarta-feira e até uns pequenos graus mais quente do que a maioria da região centro-oeste dos Estados Unidos”.

De acordo com o Programa Internacional da Bóia do Ártico, ao meio-dia de terça-feira (29 de dezembro) estavam -25.7ºC no Polo Norte. As temperaturas começaram a baixar às 15h desse dia, mas a 30 de dezembro registou-se um aumento exponencial. Entre as 8h e as 16h de quarta-feira (30 de dezembro) as temperaturas já rondavam os 0º. Ao meio dia estavam 0.7ºC, ou seja, acima do ponto de congelamento. A última leitura apontava para os -0.7ºC.

Em apenas 18 horas, entre terça e quarta-feira, a pressão atmosférica na Islândia sofreu uma diminuição de 54 milibares. Este valor é três vezes maior que o indicado pelos meteorologistas na definição de “bomba ciclogénica”, um fenómeno caracterizado pela diminuição de 1 milibar por hora ao longo de 24 horas na pressão atmosférica. Esta pode ser uma das cinco maiores tempestades que alguma vez se abateu no Círculo Ártico desde que há registos: a primeira aconteceu em meados de dezembro de 1948, explica o Discovery Channel. Neste momento, a pressão registada é de 928 milibares.

No último relatório distribuído pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), esta instituição meteorológica sublinhou que a quantidade de gelo oceânico no Ártico está 90,7 milhões de hectares abaixo do máximo registado há dez anos. Os nove níveis mais baixos de extensão de gelo oceânico foram observados exatamente nos últimos nove anos. Em 2015, o valor é o quarto mais baixo desde 2006. E enquanto que, há 30 anos, o “gelo velho” (o nome que os especialistas dão ao gelo que sobrevive a vários verões) representava 25% do volume de gelo na região, essa percentagem este ano desceu para os 3%.

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