A pouco mais de dois meses de abandonar a chefia do Estado, Cavaco Silva dirige nesta sexta-feira pela última vez a tradicional mensagem de Ano Novo aos portugueses, sete semanas depois de ter dado posse ao Governo de António Costa. Será a 9 de março que o Presidente da República termina o segundo mandato em Belém, passando a ‘pasta’ ao seu sucessor que será eleito nas eleições de 24 de janeiro.

O discurso de Ano Novo, transmitido pela hora de jantar, é normalmente aproveitado pelo chefe de Estado para falar sobre o futuro, à semelhança do que aconteceu o ano passado, quando apontou 2015 como “um ano de escolhas decisivas”.

Centrando a mensagem nas eleições legislativas que acabariam por se realizar a 04 de outubro, Cavaco Silva recomendou aos partidos cuidado nas promessas eleitorais que iriam apresentar, sublinhando que os problemas do país não se resolvem “num clima de facilidade”.

Sem prever o que se passaria a seguir às eleições – com a queda do Governo de coligação PSD/CDS-PP apenas um mês após a tomada de posse, na sequência do chumbo do programa do executivo, e a posterior formação de um Governo socialista com o apoio parlamentar do BE, do PCP e do PEV – Cavaco Silva interpelou ainda os portugueses e os políticos a preparem o período pós-eleições.

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Pois, disse, não é só no dia a seguir às eleições que se constroem “soluções governativas estáveis, sólidas e consistentes, capazes de assegurar o crescimento económico e dar esperança aos portugueses”.

Em 2014, seis meses depois da crise política que abalou o Governo liderado por Pedro Passos Coelho, o Presidente da República retomou na mensagem de Ano Novo o apelo aos partidos para um “compromisso de salvação nacional”.

No ano anterior, a 01 de janeiro de 2013, o discurso de Ano Novo foi aproveitado para um anúncio, com Cavaco Silva a revelar que iria requerer ao Tribunal Constitucional a fiscalização sucessiva do Orçamento, argumentando que havia “fundadas dúvidas sobre a justiça na repartição dos sacrifícios”.

Quase em jeito de antecipação do que aconteceu no verão desse ano, Cavaco Silva advertir que Portugal não estava “em condições de juntar uma grave crise política à crise” em que o país estava mergulhado e defendeu a necessidade de “urgentemente pôr cobro” à “espiral recessiva” e concentrar esforços no crescimento económico.

Na primeira mensagem de Ano Novo do seu segundo mandato em Belém, e quando se completavam quase seis meses do Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, o chefe de Estado vincou a importância de uma agenda para o crescimento e emprego, considerando que sem isso a situação social se poderia tornar “insustentável”.