A Assistência Médica Internacional (AMI) está a financiar um centro de assistência médica no bairro dos “portugueses” de Malaca, que começará a funcionar integralmente em janeiro, segundo a entidade responsável pela implementação do projeto.

O presidente da delegação malaia da associação Korsang di Melaka (Coração de Malaca, no crioulo português de Malaca), Richard Hendricks, explicou que o centro visa realizar atos médicos simples, como verificar o estado do coração ou a diabetes, e ajudar os habitantes a perceber se “há a necessidade de irem ver um médico”.

A ideia, continuou, é que os enfermeiros também venham a “dar às pessoas alguma informação sobre problemas de saúde e sobre como é que elas podem prevenir-se de doenças”.

Em Malaca, “há hospitais bastante dispendiosos” e é necessário “transporte” para lá chegar, logo, com este centro os habitantes ficam com a vida facilitada, sublinhou.

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De acordo com Richard Hendricks, o projeto arrancou em abril, mas só em janeiro será totalmente implementado, devendo-se o atraso a um problema no “sistema”.

“Para tudo o que nos fazemos no Portuguese Settlement [povoado português, em inglês], temos de passar por algumas pessoas, temos de conseguir a autorização delas sobre o que podemos e o que não podemos fazer, e muitas coisas ainda não estavam aprovadas”, esclareceu.

Numa altura em que estava a ser pressionado para começar o projeto pela delegação da associação em Portugal, Richard Hendricks percebeu que não era possível iniciá-lo de forma “tão rápida”, porque exigia “muitos preparativos” e os “portugueses” de Malaca estavam “desunidos”.

Segundo o mesmo responsável, o centro começou por ser implementado noutro local antes de ser mudado para o espaço onde se encontra hoje, por trás da igreja.

O local é composto por três divisões, nomeadamente um pequeno consultório médico, uma sala de espera e um espaço amplo com seis computadores para formação.

Há também material médico, uma cadeira de rodas e um dossier com fichas de cerca de 50 utentes, dado que uma enfermeira começou a prestar apoio aos cidadãos alguns domingos após a missa, segundo o presidente da delegação malaia da Korsang di Melaka.

Richard Hendricks adiantou que a AMI comprometeu-se a financiar o centro por três anos, tendo a associação já recebido a primeira tranche de 9000 euros para o primeiro ano, sem, no entanto, conseguir especificar quanto receberá nos anos seguintes.

Para já, o dinheiro que está a chegar da delegação de Portugal destina-se a pagar a renda do espaço, a eletricidade, salários para dois enfermeiros e um assistente e material.

“É um bom projeto”, elogiou, congratulando-se com o apoio da AMI.

Contudo, lembrou que todo o seu trabalho é “voluntário” e que o dinheiro atribuído ao pessoal responsável pelo apoio médico é “apenas uma pequena compensação pelo seu tempo”.

Os cerca de mil “portugueses” de Malaca vivem num bairro perto do centro da cidade turística com o mesmo nome e preservam manifestações culturais, religiosas e linguísticas transmitidas pelos portugueses liderados por Afonso de Albuquerque que, em 1511, tomaram Malaca e governaram a cidade por 130 anos.