Se os ataques a mulheres em Colónia na noite da passagem de ano deixaram a população em choque, as declarações da presidente da Câmara Municipal, Henriette Reker, estão a provocar uma onda de protestos. Henriette Reker disse que a melhor forma de as mulheres evitarem serem alvo de agressões sexuais é não se aproximarem de homens que não conheçam, noticiou a CNN.

“As mulheres deveriam ser espertas e não andar a abraçar todas as pessoas que conhecem e que parecem simpáticas. Esses atos podem ser mal entendidos e isso é algo do qual todas as mulheres e todas as raparigas se deviam proteger”, disse a presidente da Câmara de Colónia.

As redes sociais encheram-se de comentários, alguns deles satíricos, com a hashtag #einearmlaenge (“à distância de um braço”).

Entendi bem esta coisa do braço?

Política contra a violação.

Outros lembravam que mesmo que usem saias curtas ou estejam alcoolizadas, a culpa não é das vítimas.

“Pedir às vítimas que mudem o seu comportamento significa que os agressores não precisam de mudar o deles. Abordagem errada de prevenção do crime.”

https://twitter.com/probably_Alice/status/684444282678296577

“A culpa nunca é das vítimas.” As vítimas não causam o abuso sexual, nem as saias curtas, nem o consumo de álcool, nem namoriscar. As violações são culpa dos violadores.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As críticas chegam até do ministro da Justiça alemão, Heiko Maas, que diz que as “dicas de comportamento para mulheres, como a distância de um braço, não asseguram nada”. O ministro reforça que os responsáveis não são as mulheres, mas os autores do crime.

Os refugiados que cometam crimes serão deportados

Apesar de a polícia alemã se esforçar por garantir que os ataques de violência física e sexual e roubos a mulheres na noite da passagem de ano em Colónia não estão relacionados com os refugiados que a Alemanha tem recebido, um relatório referiu que os homens alcoolizados terão provocado a polícia dizendo tinham pedido asilo, noticiou a agência alemã DPA.

O ministro da Justiça alemão, Heiko Maas, disse esta quinta-feira que os requerentes de asilo que sejam condenados a um ou mais anos de prisão, por qualquer tipo de crimes, serão deportados ao abrigo das leis existentes e “independentemente da sua origem”, citou o Funke Media Group.

A chanceler alemã, Angela Merkel, concorda que é preciso continuar a rever as políticas de deportação para “enviar uma mensagem clara às pessoas que não que enquadram na estrutura legal” alemã, citou a Reuters. Merkel espera que as autoridades façam uma investigação profunda sobre o que se passou em Colónia.

O relatório da polícia, que foi revelado pela revista Spiegel esta quinta-feira, refere ainda que as autoridades não conseguiram ajudar as vítimas por falta de efetivos e equipamento. A polícia não conseguiu fazer face aos cerca de mil homens, entre os 18 e os 35 anos, que se separaram em vários grupos no largo em frente à estação central de comboios de Colónia.

O resultado foram mais de 100 queixas, três quartos das quais de natureza sexual, incluindo duas acusações de violação, referiu a DPA. A polícia não prendeu nenhum suspeito, mas 16 pessoas estão a ser investigadas por potencial ligação a estes crimes. E ainda que não haja prova de que tenha sido um ataque coordenado, a polícia está a investigar a potencial ligação a uma rede de crime organizado norte-africano que está a ser investigada há 18 meses.

Além de Colónia, também Hamburgo e Estugarda tiveram queixas de mulheres na noite da passagem de ano: 39 agressões sexuais e 14 roubos em Hamburgo e dois roubos realizados por homens de origem árabe em Estugarda.