O ministro da Cultura, João Soares, que tutela a comunicação social, manifestou esta quinta-feira “profunda solidariedade” para com “os profissionais da informação” portugueses que se confrontam com situações de desemprego e ameaças à liberdade de imprensa.

João Soares falava na inauguração de uma exposição sobre cartoon e desenho de humor, na Casa da Imprensa, em Lisboa, organizada pelo Museu Nacional da Imprensa, e que assinala o atentado ocorrido há precisamente um ano em Paris no jornal satírico Charlie Hebdo.

Num curto discurso, João Soares referiu que França é “uma referência dos valores da liberdade, igualdade e fraternidade” e apelou à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) para que seja “um garante desses valores” no panorama dos media portugueses.

Aos jornalistas, João Soares acrescentou: Os valores da liberdade “estão em causa sempre quando se despedem jornalistas, como se despediram ainda há bem pouco tempo na nossa própria terra, e quando está em causa a transparência em matéria da titularidade da propriedade de órgãos de comunicação social no nosso próprio país”.

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A exposição “Liberdade com humor, sempre!”, que teve inauguração simultânea em Lisboa e no Porto, apresenta no total 130 desenhos de humor e cartoon de 60 autores de 40 países, escolhidos do acervo do Museu Nacional de Imprensa e que incluem, por exemplo, trabalhos de Oscar Rojas, Miodrag Velickovic, André Carrilho e Cristina Sampaio.

“O objetivo era assinalar a importância da liberdade quando querem estrangulá-la. A liberdade e o desenho de humor são barómetros da sociedade”, afirmou o diretor do Museu Nacional da Impresa, Luís Humberto Marcos, aos jornalistas.

Na inauguração da exposição, o embaixador de França em Portugal, Jean-François Blarel, afirmou que o atentado contra o semanário Charlie Hebdo, que vitimou vários cartoonistas, atingiu também os valores da sociedade democrática francesa. “Mas os terroristas não vão ser vitoriosos, porque a liberdade de expressão será mais forte”, disse.

Um ano após o atentado que matou as principais figuras da caricatura francesa, como Cabu e Wolinski, o Charlie Hebdo escolheu para a capa um desenho do cartoonista Riss que apresenta um Deus assassino, com barba e armado de uma kalachnikov, sob o título “Um ano depois, o assassino continua a monte”.