As semelhanças entre o impasse político que se vive atualmente em Espanha e o vivido em Portugal, depois das eleições legislativas, levaram a que o líder dos socialistas espanhóis do PSOE, Pedro Sánchez, viesse a Lisboa para pedir conselhos a António Costa – e defender um caminho semelhante para pôr fim ao impasse político em Madrid.

No entanto, se por cá o PS e os partidos à sua esquerda chegaram a um acordo, já no caso espanhol a tarefa pode não ser assim tão simples. Pelo menos para os chamados “barões” territoriais do PSOE existe uma diferença fundamental entre Portugal e Espanha: por cá não existem partidos nacionalistas que discutem a unidade do país, ao contrário do país vizinho.

O El Pais conta que algumas das altas figuras socialistas espanholas continuam céticas em relação a uma solução semelhante à encontrada por Costa. E colocam como condição que o Podemos (de Pablo Iglesias) e as forças nacionalistas deixem cair a exigência de um referendo para a independência da Catalunha, para que seja possível negociar um governo alternativo.

Sánchez já afirmou que não viabilizará um governo liderado pelo PP de Mariano Rajoy, apesar da vitória deste nas eleições de dia 20 de dezembro. E, apesar das dificuldades que se colocam no seu caminho, o líder do PSOE não desarma na intenção de formar um executivo liderado pelos socialistas mas sustentado pelo apoio para toda a legislatura das forças de esquerda, nacionalistas e até do Ciudadanos.

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Podemos dificulta acordo

Para além da questão da independência da Catalunha, existem outras questões que podem atrasar e dificultar um possível acordo de governo com o PSOE. Em concreto, algumas petições do Podemos estão a colocar um travão nas negociações, diz o El Pais.

O partido de Iglesias exige o reconhecimento de quatro grupos parlamentares separados do Podemos (em função dos acordos assinados com outras formações na Galiza, Catalunha e Valência). Ou seja, Iglesias quer que se criem quatro grupo parlamentares – um do próprio Podemos e os outros das candidaturas apresentadas nas regiões.

Para além das dificuldades legais desta exigência, praticamente todos os partidos estão contra a mesma. A concretizar-se a exigência, os quatro grupos teriam uma maior subvenção do Congresso, com intervenções em todas as sessões plenárias e comissões e uma margem maior para apresentar iniciativas legislativas.