Depois de fechada a venda do Banif ao Santander, começa a conhecer-se o teor de outras propostas rejeitadas para a compra do banco – e potencialmente menos gravosas para os contribuintes.

É o caso da Apollo, dona da Tranquilidade, que apresentou uma proposta onde imputaria perdas máximas aos contribuintes na ordem dos 700 milhões de euros, avança o Público na sua edição impressa desta sexta-feira. Ou seja, este montante é quatro vezes inferior ao que o Estado tem em risco na operação atual. A responsabilidade pela decisão foi do BCE, acrescenta o jornal.

Na prática, são estas as contas: Mário Centeno anunciou que a venda ao Santander englobava um encargo mínimo de 2400 milhões de euros aos contribuintes – e um encaixe de apenas 150 milhões; mas às suas mãos chegou uma proposta do fundo norte-americano, de 200 milhões de euros, que era, diz o Público, a mais favorável das cinco que entretanto tinham entrado no concurso aberto pelo Banco de Portugal. Mas, para além do encaixe financeiro do Estado, a Apollo disponibilizava-se ainda a recapitalizar o banco em mais de 250 milhões de euros – sendo que a verba serviria igualmente para pagar ao Estado a última tranche dos chamados Coco’s (empréstimos convertíveis) de 125 milhões de euros – que o Banif já deveria ter liquidado há um ano.

Na prática, e segundo contas efetuadas pelo mesmo jornal com base na documentação da operação, o resultado para os contribuintes neste negócio seria positivo, tendo também em conta que os 700 milhões de euros injetados em dezembro de 2012 não seriam recuperados.

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Apesar de tudo, esta hipótese não mereceu atenção especial do Banco de Portugal (BdP). Não sendo a Apollo um banco, alegou o governador Carlos Costa, o Banco Central Europeu acabaria por retirar o estatuto de contraparte elegível ao Banif – o que deixaria o banco sem acesso às operações de refinanciamento do banco central europeu.

Santander com crédito fiscal na compra do Banif (mais 289 milhões)

Posta de lado a proposta da Apollo, avançou-se então, a 20 de dezembro, para a resolução, entregando ao Santander os ativos bons do banco. Para isso o banco espanhol teve que desembolsar 150 milhões de euros – mas não ficou só com esta parte saudável do Banif.

Segundo explica esta sexta-feira o Diário Económico, o Santander ficou com a possibilidade de reclamar ao Estado um crédito fiscal que poderá chegar aos 289 milhões de euros. Citando as deliberações do Banco de Portugal, a mesma publicação diz que o crédito refere-se aos ativos por impostos diferidos do Banif e que foram incluídos no negócio com a instituição espanhola.

Ou seja, segundo o relatório e contas do Banif, o banco tinha, a 30 de setembro de 2015, ativos por impostos diferidos no valor de 289,1 milhões de euros no seu balanço. No entanto este poderá não ser o valor exato que o Santander recebeu. Como explica o Económico, alguns destes créditos poderiam estar ligados a ativos que não foram incluídos na venda. Por outro lado, o negócio realizou-se em dezembro, o que pode significar que mais créditos poderiam ter-se gerado desde setembro.