A Bélgica vai criar cursos de respeito às mulheres destinado a refugiados. O secretário de Estado do Asilo e da Migração belga, Theo Francken, acredita que esta medida “é absolutamente necessária”, justificando-a com o “número elevado de homens jovens que chegam sozinhos à Bélgica e que vêm de uma cultura onde os contactos com as mulheres são totalmente diferentes do que acontece no Ocidente”.

“Trata-se de uma série de regras sobre a maneira como se devem comportar no plano geral e no sexual com as mulheres de acordo com a nossa cultura ocidental”, explicou o secretário de Estado ao jornal belga De Redactie.

Segundo a mesma publicação a diretora da organização pelos refugiados Vluchtelingenwerk Vlaanderen, Els Keytsman, acha que este curso é “uma boa ideia”, acrescentando que deve também ser instaurado um curso sobre o comportamento correto em sociedade.

Theo Francken, que pertence ao N-VA, um partido de direita conservadora e com afiliações, por exemplo, ao Lei e Justiça, que governa a Polónia, diz que não se pode esperar “que os requerentes de asilo conheçam [os direitos das mulheres] assim que chegam à nossa casa”:

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“Os direitos das mulheres são frequentemente contemplados nos tratados sobre os Direitos do homem. Mas quem é que os lê? Nós não podemos esperar que estes requerentes de asilo conheçam esses direitos assim que chegam à nossa casa. Trata-se muitas vezes de pessoas que só têm uma educação de base, alguns são analfabetos. É preciso explicar os princípios da nossa sociedade. Acho que devemos defender intransigentemente a essência do nosso Estado de Direito democrático.”

Antes da Bélgica, a Noruega já tinha aberto um curso deste género destinado a refugiados. Também a Dinamarca discutiu a abertura de um modelo semelhante.

Esta medida surge depois das notícias que deram conta de violações na noite de Ano Novo na cidade de Colónia, na Alemanha. Na sexta-feira, o ministério do Interior germânico identificou 31 pessoas que terão estado envolvidas em atos violentos naquela noite (desde roubos por esticão a violações). Entre estes, 18 são requerentes de asilomas nenhum destes terá praticado crimes sexuais naquela noite, de acordo com as autoridades alemãs.

Após a noite de Ano Novo foram apresentadas 100 queixas à polícia de Colónia, sendo que aproximadamente dois terços dizem respeito a assédio sexual. Entre estas, duas são queixas por violação.

Na sexta-feira, o chefe da polícia de Colónia, Wolfgang Albers, foi suspenso depois de ter sido alvo de críticas pela ausência de resposta dada às situações de violência verificadas na cidade, tal como por hesitar em divulgar as nacionalidades dos suspeitos.

Uma das vozes mais críticas foi a do autarca daquela cidade do Oeste alemão, que acusou Albers de não lhe dar a informação necessária atempadamente: “Não posso aceitar o facto de, enquanto presidente da câmara desta cidade, ficar a par de informações pelos media, especialmente no que diz respeito às origens das pessoas que estão a ser investigadas”.