“Com todo o respeito e humildade, mas e se lançássemos uma Farfetch para bebés?” A pergunta veio de Nuno Pimenta, 33 anos, cofundador da Bon Mignon, durante um jantar com amigos. O mote não poderia ter sido outro: a dificuldade que as mulheres do Nuno, Ricardo Carvalho e Marco Alves sentiam em encontrar roupa para os filhos – quatro meninas entre os 10 meses e os seis anos e um rapaz de quatro. Estavam todos a jantar, em abril de 2015, quando uma delas teve dificuldade em se lembrar do nome de uma marca que tinha conhecido pelo Facebook. Fazia falta um agregador. Fazia falta uma Farfetch.

A Farfetch é uma plataforma de comércio online de moda de luxo, que junta várias marcas sob o mesmo site e o mesmo modelo de negócio. É a única startup portuguesa a valer mil milhões de dólares. Na Bon Mignon, o princípio é o mesmo, mas em vez de marcas de luxo, a ideia é selecionar marcas independentes que sigam uma série de princípios: tenham bons materiais, sejam feitas em Portugal, já com algum reconhecimento no mercado. Apesar de diferentes, Nuno Pimenta explica que “são bastante harmoniosas”.

Temos semanalmente uma mão cheia de marcas a contactarem-nos porque querem entrar na plataforma, mas nem todas são aceites. Não queremos que seja um repositório de marcas, mas uma plataforma em que há uma curadoria”, explicou ao Observador Nuno Pimenta.

Nuno Pimenta é industry manager na Google Portugal e responsável pelo apoio a startups. E não é a primeira vez que lança um projeto próprio com amigos. Com a Bon Mignon, conta que a ideia é fazer cada vez mais o caminho dos produtos orgânicos, com peças produzidas localmente. “Acreditamos que é essa a grande tendência de mercado: fugir às massas, aos químicos. Queremos que as marcas tenham um posicionamente sustentável e é isso que andamos à procura”, diz ao Observador.

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A ideia nasceu em abril e em julho lançaram o site numa versão experimental, com 12 marcas. A entrada oficial no mercado aconteceu em setembro e, atualmente, a plataforma tem disponíveis 34 marcas, como a Girandola, Grace, Pêra Doce ou To the Moon and Back. O utilizador pode encomendar peças de várias marcas na plataforma e, num máximo de cinco dias uteis, recebe a encomenda em casa. Apesar de a startup receber uma comissão das marcas sobre as vendas, os preços praticados na Bon Mignon são os mesmos que são praticados nos outros espaços de venda em que estiverem disponíveis.

Como gostamos de comprar roupa em marcas mais independentes, depressa percebemos que o processo de descoberta era difícil, complicado, altamente fragmentado. Há muitas marcas, mas estão dispersas em muitos sítios… Algumas em lojas físicas, outras em páginas de Facebook. O processo de compra era muito pouco uniforme”, conta.

Com a Bon Mignon, os fundadores sentem que estão a facilitar o processo de descoberta e a experiência de compra. Os consumidores podem fazer uma compra multi-marca e pagar só um porte de envio e podem trocar uma peça de determinada marca por outra. “Quando recebemos o pedido do cliente, compramos os produtos que ele quer à marca e tratamos de toda a logística”, explica. As fotografias dos produtos são todas tiradas pelo fotógrafo profissional que é contratado pela Bon Mignon.

Os quatro fundadores lançaram a loja online com capitais próprios, mas agora andam à procura de quem queira investir no projeto e ajudar a Bon Mignon a chegar a mais marcas e países. “O principal objetivo é a internacionalização, sob duas vertentes. Por um lado, ajudar as marcas portuguesas a vender noutros países, levá-las lá para fora. E isso é muito interessante porque elas dificilmente teriam capacidade para fazê-lo sozinhas. Mas também queremos angariar marcas locais de outros países e já começámos de uma forma muito preliminar em Espanha”, adianta Nuno Pimenta.

Os valores do investimento ainda não estão fechados, mas no topo das prioridades de internacionalização está o Reino Unido, Alemanha e outros mercados nórdicos.

*Tive uma ideia! é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.