Há várias formas de definir Cristiano Ronaldo. Uma delas é pelas bolas que foi rematando, empurrando, desviando, o que seja, para dentro das balizas. Com ele existe um antes e um depois — no meio está o momento em que pôs na cabeça que o que desejava mesmo era ser o melhor jogador do mundo na cabeça dos outros e não apenas na sua. Ronaldo percebeu que não seria a multiplicar os pés em fintas bonitas e a driblar toda a gente que lá chegaria. Apenas o conseguiria marcando golos, muitos, tantos quanto os que saíam do corpo de um pequeno genial argentino que fazia quase tudo o resto melhor que ele. Por isso, Cristiano pôs os pés à obra.
Construiu as fundações em 2009 e, no ano seguinte, começou a erguer a construção como deve ser. Desde 2010 que não marca menos de 50 golos por temporada e já lá vão cinco épocas a ser muito mais do que um extremo colado à linha. Ronaldo tornou-se um finalizador, um viciado em golos, esfomeado por estar em posições que o ponham a jeito de os marcar. Não é preciso ser esperto para perceber onde isto vai dar e Cristiano cedo deduziu que quantas mais bolas entrassem na baliza adversária, mais hipóteses a equipa tinha de ganhar os jogos e, lá mais para a frente, conquistar títulos. Uma coisa leva à outra, ou devia levar, porque os 57 golos que o português fez durante 2015 de nada lhe valeram. Zero titoli, já dizia José Mourinho.
(Passe o cursor do rato por cima dos pontos do corpo assinalados na imagem para ver a informação.)
A altura, impulsão e apetência para dar uso à parte mais pesada do corpo fez de Ronaldo o homem que mais bolas redirecionou para a baliza com a cabeça (18). Neymar, talvez por ser o que mais à vontade e hábito tem para tocar na redonda de pé esquerdo, foi quem mais golos meteu com a canhota (12) — e quem menos marcou a rematar desde fora da área. Já o pequenote Messi foi o jogador que mais golos inventou com o pé que mais lhe convém (39, com o esquerdo, já agora).
Mas o problema para Cristiano é outro: Messi e Neymar fecharam o ano com cinco títulos conquistados no Barcelona. São esses canecos que devem anular a supremacia que Ronaldo teve nos golos.
Os 57 golos de Cristiano Ronaldo
Dentro da área: 51
Penálti: 11
Fora da área: 6
Livre: 3
Os 52 golos de Lionel Messi em 2015
Dentro da área: 46
Penálti: 9
Fora da área: 6
Livre: 4
Os 45 golos de Neymar em 2015
Dentro da área: 42
Penálti: 6
Fora da área: 3
Livre: 2