O primeiro-ministro, António Costa, faz a sua primeira visita oficial a Cabo Verde entre 19 e 20 deste mês, deslocação em que estará acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e da Cultura, João Soares.

Na comitiva do líder do executivo português estará também a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, numa deslocação que tem o simbolismo político de demonstrar a prioridade diplomática atribuída ao aprofundamento das relações com os países de língua portuguesa.

Fonte do executivo disse à agência Lusa que durante os dois dias de presença em Cabo Verde, sempre na Ilha de Santiago, o primeiro-ministro poderá integrar no seu programa, mais concretamente no dia 20, uma deslocação ao Campo de Concentração do Tarrafal.

Criada em 1936 pelo regime de Oliveira Salazar, a Colónia Penal do Tarrafal destinou-se aos presos políticos considerados mais perigosos pelo Estado Novo e foi unanimemente classificado como o mais violento.

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De acordo com a generalidade dos dados históricos, entre 1936 e 1954, ano em que foi encerrado, morreram neste campo de concentração mais de três dezenas de presos, sobretudo comunistas, entre eles o antigo secretário-geral do PCP, Bento Gonçalves (em 1942).

António Costa desloca-se a Cabo Verde a convite do seu homólogo, José Maria Neves, tendo também encontros de caráter institucional com o presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, e com o presidente da Assembleia Nacional, Basílio Ramos.

Nesta série de reuniões, o primeiro-ministro português estará ainda com os líderes partidários do PAICV (neste momento no Governo), Janira Hopffer, e do MPD (o maior da oposição), Ulisses Correia e Silva.

Fonte do Governo português referiu à agência Lusa que as relações políticas, económicas e culturais entre Portugal e Cabo Verde se caraterizam pela “excelência”.

“Neste momento decorrem conversações para o aprofundamento do quadro de cooperação que vigorará entre os dois países nos próximos anos”, adiantou a mesma fonte do executivo de António Costa.

Em declarações à agência Lusa, na passada sexta-feira, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, disse que o seu país está a preparar “um programa para que esta visita seja importante e contribua para reforçar ainda mais as relações entre Cabo Verde e Portugal”.

O chefe do Governo cabo-verdiano adiantou que a visita do homólogo português será também um “contributo” para o reforço da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da parceria entre Cabo Verde e a União Europeia.

José Maria Neves disse que os dois governantes vão lançar as bases para a discussão do terceiro Programa Indicativo de Cooperação (PIC) entre os dois países para os próximos quatro anos.

O segundo PIC para o quadriénio 2012-2015, no valor de 56 milhões de euros, inferior aos 70 milhões de euros do anterior, foi assinado em agosto de 2012 pelos então ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, e das Relações Exteriores de Cabo Verde, Jorge Borges.

A última vez que António Costa esteve em Cabo Verde foi em janeiro do ano passado, na qualidade de secretário-geral do PS, para participar no XIV Congresso do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV).