A Sociedade Ponto Verde investiu 50 milhões de euros nas últimas duas décadas na sensibilização para o encaminhamento correto dos resíduos de embalagens, tendo a recolha seletiva passado de desconhecida a comportamento de 71% dos portugueses em 2015.

Nos 20 anos da Sociedade Ponto Verde (SPV), que serão celebrados em novembro, “foram investidos quase 50 milhões de euros em comunicação e sensibilização ao consumidor, em muitos casos em parceria com os municípios”, e as campanhas desenvolvidas foram “determinantes para o aumento da consciência ambiental da população portuguesa”, disse hoje à agência Lusa o diretor geral da entidade.

Luís Veiga Martins apontou como exemplo do resultado do trabalho realizado, o facto de, em 2000, “o termo ‘reciclagem’ ainda ser desconhecido para a esmagadora maioria da população portuguesa e três anos mais tarde apenas 38% das pessoas fazerem a recolha seletiva das embalagens usadas, percentagem que disparou para 60% em 2007 e para 71% em 2015”.

Naquele período, foram enviadas para reciclagem mais de seis milhões de toneladas de resíduos de embalagens, “graças ao envolvimento de consumidores, municípios, embaladores, sistemas municipais e demais parceiros”, fez questão de realçar.

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Segundo dados da SPV, as 1.495 toneladas de embalagens enviadas para reciclagem, em 1998, primeiro ano do funcionamento do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) passaram para mais de 730.000 toneladas em 2014, das quais 419.000 de embalagens recuperadas no fluxo urbano.

“Este valor traduziu-se no melhor resultado de sempre desde que a reciclagem de resíduos de embalagens é feita em Portugal e acreditamos que em 2015 este valor ainda será superior”, defendeu Luís Veiga Martins.

O desafio para os próximos anos, avançou, é o aumento da quantidade de lixo de embalagens separado corretamente e a redução dos erros de separação, para “maximizar a valorização destes resíduos através da reciclagem, ao menor custo”.

Está em curso o projeto Ponto Verde Open Innovation para apoiar ideias e projetos inovadores, estando prevista a abertura de candidaturas a 2 de fevereiro.

Luís Veiga Martins explicou que têm surgido novos sistemas de recolha e processos que contribuíram para a maior recuperação de resíduos para reciclagem, evitando que sejam depositados em aterro, como novos carros de recolha, sistema porta-a-porta ou ecopontos mais funcionais.

Por outro lado, “seja através da taxa de gestão de resíduos ou de outros instrumentos, é expectável que os comportamentos ambientalmente menos responsáveis venham a ser penalizados”.

Segundo os últimos dados disponíveis, de janeiro a setembro de 2015, a SPV encaminhou para reciclagem cerca de 323 mil toneladas de embalagens usadas urbanas, de ecopontos e do sistema porta-a-porta, mais 12% que no mesmo período do ano anterior.

Foi o plástico o material com uma subida mais acentuada, com 29%, seguido pela madeira (23%), metal (21%) e vidro (10%).

Os dados para o total de 2015, ainda não foram divulgados, mas o presidente da SPV espera “um fecho de ano muito positivo”.