Cerca de duas mil pessoas inglesas, francesas, belgas e italianas manifestaram-se este sábado em Calais para reclamar “condições de acolhimento dignas” para milhares de migrantes reunidos num acampamento selvagem nos arredores desta cidade do norte de França, relatou a AFP.

“Estamos aqui para exprimir a nossa solidariedade para com os migrantes e para denunciar a inatividade do Estado francês, que não tem vontade de assegurar uma vida melhor aos refugiados. Está aqui em jogo uma tragédia humana”, afirmou Rino, estudante italiano de 22 anos, vindo de autocarro de Paris.

“Refugiados bem-vindos”, “Calais, Lesbos, Lampedusa, as nossas fronteiras matam”, “Abri as fronteiras, deixai-os entrar” eram frases que se liam nos cartazes.

Jean-Baptiste, 26 anos, veio de Bruxelas para “protestar contra a política dos franceses e dos ingleses e reclamar condições de acolhimento dignas”. “Estou solidário com os migrantes e penso que é verdadeiramente importante mostrar-lhes isso”, afirmou, pelo seu lado, Iman, 24 anos, vindo de Londres.

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Baraa, um refugiado de origem síria de 21 anos, que participou na manifestação, afirmou estar satisfeito de ver os manifestantes apoiar os migrantes, “porque a sua presença poderá fazer pressão sobre a União Europeia e poderá mudar a situação em Calais”.

Muitas associações de migrantes ilegais, vindas de Paris, estiveram igualmente presentes, assim como responsáveis políticos de esquerda e de extrema-esquerda. Cerca de 4.000 migrantes, vindos maioritariamente de África, do Médio Oriente e do Afeganistão, vivem na chamada “selva” de Calais, considerada como o maior bairro de lata de França, na esperança de alcançar o Reino Unido, que consideram como um ‘eldorado’.

A 11 de janeiro foi inaugurado no local um centro de acolhimento, composto por 125 contentores climatizados, para acolher até 1.500 migrantes. Paralelamente à manifestação de Calais, o chefe da oposição britânica, o trabalhista Jeremy Corbyn, visitou um outro campo com 2.500 migrantes, a 40 quilómetros de Calais, onde falou com voluntários, nomeadamente britânicos, revelaram várias associações.