Os residentes das ilhas gregas podem ser nomeados para o prémio Nobel da Paz pela ajuda prestada aos refugiados que atravessaram o mar Egeu, afirma o jornal britânico The Guardian. O pedido de nomeação está a ser preparado por académicos das universidades de Oxford, Princeton, Harvard, Cornell e Copenhaga.

Os académicos vão pedir aos membros do comité do prémio Nobel que reconheçam a “empatia e o sacrifício pessoal” demonstrado pelos gregos (eles próprios a viver uma situação de crise económica e financeira) no acolhimento dos refugiados.

Estes académicos, cuja identidade será revelada nos próximos dias, segundo adianta o jornal britânico, já se terão reunido com o ministro para a Emigração grego, Yiannis Mouzalas, que terá oferecido todo o apoio do seu governo à iniciativa. Numa petição online feita pelos organizadores da campanha, que já foi assinada por mais de 290 mil pessoas, os responsáveis explicam o porquê de pedirem a nomeação dos locais para o prémio Nobel da Paz:

Desde o início da crise de refugiados, pescadores, donas de casa, pensionistas, professores – todos residentes normais das ilhas gregas – e outros voluntários abriram as suas casas e os seus corações para salvarem as crianças, os homens e as mulheres refugiados, que fugiram da guerra e do terror

Indivíduos e organizações são elegíveis para receber a distinção, pelo que é possível que, se os académicos e peticionistas tiverem sucesso, o comité da organização escolha as “redes de solidariedade” locais ou indivíduos proeminentes de grupos de ajuda aos refugiados como nomeados oficiais.

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As redes voluntárias de solidariedade local ofereceram casa, artigos de higiene, comida e roupas secas aos refugiados que atravessaram o mar Egeu e chegam às ilhas helénicas, muitas vezes em condições precárias – amedrontados, encharcados e viajando em embarcações frágeis, chegando a terra por vezes em estado de saúde debilitado.

Uma das organizadoras destas redes de solidariedades montadas para apoiar os refugiados, Matina Katsiveli, apoiou a iniciativa mas desvalorizou o seu impacto: “Os sorrisos nas pessoas que ajudamos são recompensa suficiente“, afirmou. Um outro voluntário e ativista grego, Spyro Limneos, descreveu os momentos que, diz, nunca esquecerá:

Nunca me esquecerei de ver jovens raparigas sendo resgatadas de um barco em Leros. Elas estavam a sorrir. Não tinha malas ou quaisquer posses, à exceção dos seus certificados escolares de fim de ano, escritos em árabe. Colocaram-nos no chão para secar ao sol. Era uma mistura de esperança e tragédia”

Ainda que elogiando o papel dos ativistas e voluntários gregos, Spyro Limneos deixou críticas à inação do governo grego: “As pessoas envolvidas nas redes de solidariedade organizaram e ajudaram os desesperados quando os governos não foram sequer capazes de reconhecer que havia uma crise”, defendeu, em declarações reproduzidas pelo The Guardian.

Em 2015 entraram na Europa cerca de 900 mil refugiados.