Este domingo o líder do PSOE, Pedro Sánchez, e do Podemos, Pablo Iglesias, falaram ao telefone numa conversa que durou 20 minutos mas de que resultaram apenas discordâncias, nomeadamente em relação ao começo das negociações.

Depois de na sexta-feira Mariano Rajoy ter recusado a indigitação proposta pelo Rei Felipe VI, foi a vez de Iglesias se reunir com o monarca onde deixou claro que estava disponível para começar a trabalhar “desde já” com o partido socialista, propondo-se a ocupar o cargo de vice-presidente numa solução de governo à esquerda. Esta intenção do Podemos também não foi bem aceite por Sánchez.

Foi o próprio líder socialista que, através do Twitter, anunciou, este domingo, que tinha ligado a Iglesias sem obter resposta. No entanto, e depois de ter sido devolvida a chamada, Sánchez mostrou o “seu desagrado pela forma como o Podemos expressou a sua proposta” sem aviso prévio, lê-se num comunicado conjunto publicado depois da conversa entre os dois. Por outro lado, Pablo Iglesias insistiu na importância de se formar um “Governo de progresso” e o mais rapidamente possível.

Foi em relação a este ponto – o calendário – que se formou a principal discrepância entre os dois líderes políticos. Isto porque o socialista quer esperar que o Rei termine a segunda ronda de consultas partidárias onde se procura saber se algum candidato tem condições para ser indigitado chefe do Governo, e enquanto isso não acontecer Sánchez quer apenas “dialogar” e não “negociar”, reiterando a “necessidade de falar antes das políticas e só depois dos lugares”. Ou seja, o PSOE quer “respeitar os tempos e esperar pelo mandato do Rei”. Para além disso o socialista criticou “o uso partidário das instituições que fez Mariano Rajoy”, explicando que se “pode dar um passo ou à frente ou atrás, mas nunca ao lado”, insistindo que quer “conversas com todas as forças políticas que queiram uma mudança  progressista e reformista”, abrindo assim a porta a outros partidos que queiram contribuir para uma alternativa à governação do PP.

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Por sua vez, Iglesias defende que não se pode estender “mais o tempo e trabalhar para um governo progressista e de mudança plural”.

Quase ao mesmo tempo desta troca de ideias, o El Pais publicava um artigo de opinião escrito pelo próprio Pablo Iglesias onde se lia que “não podemos falhar a esses 11 milhões de votantes nem àqueles que, em nenhuma circunstância, querem que o PP continue a governar”.

Mariano Rajoy reforça proposta a PSOE

No meio de conversas entre socialistas e Podemos, Rajoy terá decidido reforçar a sua oferta a Pedro Sánchez para que se chegue a uma solução governamental. Nestes novos “Pactos da Moncloa”, pretende-se incluir reformas económicas para garantir a estabilidade política e institucional de Espanha a longo prazo, como diz o El Confidencial.

A direção do PP considera esta oferta uma “que o PSOE não pode recusar”, visto que são incluídas parte das reformas judiciais e fiscais que os socialistas defendem.

Na prática, e segundo contaram fontes do partido de Rajoy citadas pelo Confidencial, tenta-se negociar assim um programa comum de sete pontos e onde se prevê igualmente a entrada do Ciudadanos de Albert Rivera. Entre outras coisas propõe-se uma reforma geral do sistema de educação, a revisão de leis criticadas pela esquerda e de algumas políticas fiscais mais controversas, permitindo desta maneira ao PSOE conseguir concretizar algumas promessas feitas ao seu eleitorado.