O Sindicato da Construção de Portugal quer que os trabalhadores do setor com 50 ou mais anos de descontos possam reformar-se aos 62 anos “sem qualquer penalização”, dada a exigência física da atividade.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do sindicato, Albano Ribeiro, afirmou que irá apresentar uma proposta neste sentido na audiência que tem agendada para quarta-feira como o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva.

Segundo salientou, “há centenas de trabalhadores [do setor] que começaram a trabalhar aos 12 anos e têm uma carreira contributiva de mais de 50 anos de descontos, que estão a morrer, debilitados, antes da idade de reforma”, numa situação que “não é humana”.

“Os trabalhadores da construção, por problemas músculo esqueléticos, não têm condições físicas a partir de determinada idade para estarem a trabalhar, enquanto os trabalhadores das pedreiras, além da surdez e semi-surdez, são afetados pelo problema da silicose”, devido à reiterada inalação de poeira de grãos siliciosos, afirmou o dirigente sindical.

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Embora convicto de que o ministro do Trabalho será “sensível” à questão, o Sindicato da Construção afirma que, caso contrário, irá “mobilizar em todo o país trabalhadores do setor das pedreiras e da construção para uma concentração em frente à Assembleia da República”, em Lisboa.

Outra das preocupações do sindicato é a “situação muito grave” e “com tendência para piorar” que vivem os trabalhadores do setor em Angola, muitos dos quais estão “a ser despedidos por ’email'” e regressam a Portugal com milhares de euros de salários em atraso, “numa situação ainda pior” do que quando emigraram.

Neste contexto, Albano Ribeiro vai apelar, numa outra audiência que, também na quarta-feira, terá com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, para que José Luís Carneiro “interceda em termos institucionais para que se corrija esta situação”.

Por outro lado, e tendo em conta que a situação em Angola está já a levar “muitas empresas portuguesas do setor da construção a deslocar trabalhadores para a Bolívia, Zâmbia, Moçambique e Europa”, o sindicato vai apresentar ao secretário de Estado uma proposta de campanha de sensibilização, dentro e fora da Europa, para a emigração em segurança.