João Soares afirmou esta quarta-feira que “nenhuma estátua seria tapada” em Portugal se o país recebesse a visita de um líder muçulmano. O atual ministro da Cultura fazia referência ao facto de terem tapado as estátuas com nus em Roma para receber a visita de Hassan Rouhani, presidente do Irão, no Museu Capitolino. E recorda uma visita de um príncipe saudita que exigiu à Câmara de Lisboa que não houvesse mulheres na mesa de almoço. “Ora, fiz questão que houvesse mulheres à noite. Uma delas era Maria João Bustorff, que veio a ser ministra da Cultura uns anos depois”, contou João Soares ao Expresso.

O pedido para tapar as estátuas foi feitas pelos assessores do presidente iraniano, que quiseram ainda que Rouhani não fosse fotografado junto à estátua de Marco Aurélio (porque o cavalo do imperador romano tem os genitais à vista). No jantar que se seguiu com o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, não havia vinho na mesa, uma exigência a que França não acedeu quando recebeu o mesmo convidado.

Ao Expresso, João Soares disse que foi “disparatado” que as estátuas italianas tivessem sido cobertas por exigência dos assessores iranianos. Também Dario Franceschini, ministro italiano dos Bens Culturais, adjetivou o sucedido de “incompreensível” e realçou que o primeiro-ministro de Itália não estava informado sobre o pedido iraniano: “Há muitas outras formas de respeitar a sensibilidade de um importante hóspede estrangeiro”, escreveu Franceschini no Twitter. O Museu, no entanto, garante que a iniciativa de tapar as estátuas foi do Governo italiano, por isso foi aberto um inquérito interno.

Esta não é a primeira polémica a envolver estátuas de nus associados a Matteo Renzi: em 2015, várias estátuas foram cobertas aquando da visita do príncipe dos Emirados Árabes Unidos à Câmara Municipal de Florença.

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