Histórico de atualizações
  • A crónica do jogo: "A seguir à tormenta, a acalmia. O árbitro complicou o jogo todo, Montero simplificou-o só no final"

    Quando se é derrotado, a culpa é (quase, quase sempre) dele. Mas quando se vence — e ele, mesmo que sem dar conta na hora em que o fez, deu uma mãozinha à vitória –, a culpa não é dele: é mérito do vencedor e demérito de quem não fez por sê-lo. Não é de hoje. E vai continuar a ser assim enquanto o futebol for futebol. Nas distritais do Burkina Faso ou na Premier League em Inglaterra.

    Ele, e entenda-se o “ele” por árbitro, é tanto melhor no jogo quanto menos se lhe escutar o apito a ressoar no estádio. Às vezes os futebolistas (e os treinadores, presidentes, and so on, and so on…) não colaboram nada e ele tem mesmo que deitar volta e meia a mão ao bolso e puxar dos cartões que lá guarda. Outras vezes, e mesmo quando todos colaboram, quando a rendondinha é bem tratada por quem dela se ocupa, quando os adeptos de um e de outro lado (mesmo que uns vão vencendo e outros não) estão felizes com o que vêem, nessas “outras vezes” o árbitro quer ser protagonista de uma tragicomédia, quer impor-se aos artistas que têm o dom de nos entreter durante hora e meia, fazer-se respeitar à força de um apito, ao invés de (como se lhe pede, afinal) se desvanecer, atento mas desvanecido na relva — é verdade que vestir de florescente não ajuda, mas se até Pierluigi Collina, matulão e de careca a reluzir o conseguia, outros também o conseguirão, não é verdade?

    Por falar em árbitro carecas — com todo o respeito pela calvície de quem a tem–, a noite de hoje foi um desastre para Cosme Machado. E deixou os adeptos, sobretudo os do Sporting — mas não só –, pelos cabelos com ele. Erros atrás de erros. Faltas marcadas onde não as há. Outras que, havendo, não as marcou. Expulsões por dá cá aquela palha (os treinadores gesticulam, às vezes até demasiadamente, os treinados praguejam muito, com palavrões e tudo, mas o árbitro não se deve sentir melindrado com isso; se se está confiante no que se faz, usa-se de algo que Cosme Machado hoje ignorou por completo e resolve-se o bate-boca em três tempos: a diplomacia — no relvado e no banco.

    O estádio inteiro a apupava-o. E quando mais apupado era, mais Cosme Machado errava. E errou para ambos os lados. Mas gritante, gritante foi o erro no golo do empate da Académica. Os conimbricenses remataram duas vezes em todo o jogo à baliza de Patrício. E fizeram dois golos. O problema (e a Académica não tem culpa) é que o segundo não é golo nem em Portugal nem na tal distrital do Burkina Faso. Eis o que se viu — mas que Cosme não viu: Leandro Silva cruzou, de livre, para o interior da área do Sporting, Rúben Semedo cortou, mas o corte foi parar à cabeça de Nascimento, da Académica. E é que aqui que a troca-baldroca começa: o cabeceamento de Nascimento foi parar à zona onde (com Patrício e todos os demais dois passos à frente) só estavam João Real e Ewerton. Se Real tocasse na bola, seria fora-de-jogo. Real não toca. É Ewerton quem desvia para a própria baliza a bola. Mas Ewerton só desvia para auto-golo porque Real saltou consigo, pressionando-o — chegou mesmo a tocar-lhe, mesmo que sem falta. Ora, se Real, em fora-de-jogo, tem intervenção direta no lance, o golo (a acontecer) deve ser anulado. E foi-o… durante dois minutos, mais coisa menos coisa. Cosme Machado assinalou fora-de-jogo por indicação do auxiliar. Mas o auxiliar deu dito por não dito e Cosme Machado, pressionado pelos jogadores da Académica, e ao fim de demasiados minutos a deliberar, voltou atrás na decisão e validou o golo. O caldo estava entornado em Alvalade.

    O Sporting começou cedo a perder, com um golo fabricado, num canto, por dois dragões, Leandro e Rafa, que estão em Coimbra emprestados pelo FC Porto. Mas recuperou. Adrien (que confiança respira o capitão do Sporting) fez um golo para mais tarde mostrar aos netos, enquanto Ruiz fez um daqueles que são só de encostar e nenhum neto quer ver — foi “só de encostar” porque Mané partiu a loiça toda na área e assistiu-o. E o Sporting foi mesmo a vencer para o intervalo. O futebol era bom. Melhor o do Sporting, dominador, do que o da Académica, talvez defensiva demais. Mas com o erro do árbitro no golo do empate dos de Coimbra, com a expulsão de Jorge Jesus na 1.ª parte (só o relatório dirá o que aconteceu, mas uma coisa é certa: foi o quarto árbitro quem pediu a Cosme Machado que o expulsasse) e a sucessão de paragens no jogo — o jogo todo –, o Sporting enervou-se. Trigueira, o guarda-redes da Académica, com uma exibição à Neuer, contribuiu e muito para que a paciência dos leões se fosse. Valeu-lhes que Montero, entrado na 2.ª parte, teve a serenidade de um monge budista em Borobudur e fez o 3-2 em cima do gongo.

    O que podia ter sido uma vitória de favas contadas para o Sporting, não foi. Só venceu a custo de muito crer (nem todos quiseram, mas a João Mário e Adrien, por exemplo, nunca faltou o arreganho de vencer) e suor. A Académica, um só lugar acima da chamada “linha de água”, fez em Alvalade o que pôde. Marcou. E defendeu — sem “autocarro”, diga-se — depois. Cosme Machado, ao contrário de um e outro clube, não só não fez o que se lhe pedia, como fez tudo o que não se lhe pedia. Citei-o, a Cosme, demasiadas vezes (são dez, contando com esta) na crónica. Não é hábito fazê-lo uma que seja, quanto mais tantas. Mas esta noite não houve mesmo volta a dar: fosse um jogo do Sporting, Benfica, FC Porto, Carcavelinhos ou lá do fim-do-mundo, em Ouagadougou, não lembra a ninguém o que se viu. Só a um tal de Marc Batta, lembra-se dele?

  • E acabou! Nas bancadas, enquanto uns aplaudem a vitória, outros apupam o árbitro.

    https://twitter.com/bola24pt/status/693564982768836609

  • Há mais três minutos para jogar em Alvalade. Quem o diz é Cosme Machado.

  • Daqui a pouco termina o jogo e o Sporting corre o risco, estando Cosme Machado com a mão leve como está, a não treinadores no banco. Agora foi o de guarda-redes. O melhor é Raúl José, o adjunto de Jorge Jesus, esconder-se. Pelo sim, pelo não.

    https://twitter.com/bola24pt/status/693563408927571968

  • GOLO! Alvalade respira de alivio: Montero faz o 3-2

    O Sporting tanto procurou o golo, que o encontrou mesmo. A expulsão de Aderlan ajudou. Não tanto por a Académica estar com menos um, mas por ter sido Seco, extremo direito, a fazer o lugar do defesa direito quando este recebeu ordem de expulsão de Cosme Machado. João Pereira cruzou para o segundo poste, Seco saltou imprudentemente, nem na bola tocou, Montero estava-lhe nas costas, matou-a na peitaça e rematou de seguida por entre as pernas do inspirado (pelo menos esta noite) Trigueira. É o 3-2.

  • É segundo amarelo para Aderlan, o defesa direito da Académica, que derrubou Gelson à entrada da área. O livre não é perigoso, é perigosíssimo.

  • Quem mais se não Trigueira? O guarda-redes da Académica volta a negar o empate ao Sporting numa defesa soberba aos pés de Ruiz, na área! O costa-riquenho foi desmarcado por Adrien na área, ligeiramente descaído sobre a direita, recebeu o passe com a canhota, desviou para golo com o pior pé, o direito, e Trigueira fez o resto. E foi muito.

  • A Académica está desnorteada, encostada à defesa. O Sporting ataca, ataca muito, mas as trocas-baldrocas do empate afectaram a confiança de parte da equipa. São sobretudo João Mário e Gelson quem trazem os demais às costas para a frente.

  • Que defesa i-na-cre-di-tá-vel de Trigueira! Montero lançou rápido desde a linha lateral para Slimani, não há fora-de-jogo, o argelino ganha a frente a Real e Nascimento, tentou colocar a bola por cima de Trigueira, mas o guarda-redes da Académica, atento, não se fez à relva, foi-se aguentando até ao último instante sem cair e isso valeu-lhe uma defesa de se lhe tirar o chapéu. Aqui, literalmente.

  • Sai Carlos Mané e entra Montero. Gelson na direita, Ruiz na esquerda. O colombiano vai apoiar Slimani.

  • GOLO! Empata a Académica (em fora-de-jogo e com sururu)

    Está o caldo entornado em Alvalade! Cosme Machado assinalou fora-de-jogo por indicação do auxiliar. Mas o auxiliar deu dito por não dito e Cosme Machado, pressionado pelos jogadores da Académica, e ao fim de vários minutos a deliberar, voltou atrás na decisão e validou o golo. Vamos ao lance: Leandro Silva cruzou de livre para o interior da área do Sporting, Rúben Semedo cortou, mas o corte foi para à cabeça de Nascimento, da Académica. E é que aqui que a porca torce o rabo: o cabeceamento de Nascimento foi parar à zona onde (com Patrício e todos os demais dois passos à frente) só estavam João Real e Ewerton. Se Real tocasse na bola, seria fora-de-jogo. Real não toca. É Ewerton quem desvia para a própria baliza. Mas Ewerton só desvia para auto-golo porque Real saltou consigo, pressionando-o — chegou mesmo a tocar-lhe, sem falta. Ora, se Real, em fora-de-jogo, tem intervenção direta no lance, o golo (a acontecer) deve ser anulado. E foi-o… durante dois minutos.

  • Gouveia, o treinador da Académica, troca Nuno Piloto, o médio-defensivo que meteu a pata na poça no 2-1 do Sporting, por Gonçalo Paciência, ponta-de-lança. Com esta substituição, são três os futebolistas emprestados pelo FC Porto à Académica em campo: Rafa, Leandro e Paciência.

  • William ficou no balneário ao intervalo e entrou Gelson na sua vez.

  • Aí está o recomeço do jogo!

  • O resumo da 1.ª parte

    O Sporting foi surpreendido cedo em Alvalade — e não é a primeira vez; contra o Braga e o Tondela, nos encontros anteriores em casa, a história foi a mesma e repetiu-se pela terceira vez hoje. A culpa foi de dois portistas, dois miúdos emprestados pelo FC Porto a Académica, Rafa e Leandro. O segundo demorou a marcar o canto, fez-se de distraído, colocou-a mal na marca, distraindo, isso sim, a defesa do Sporting, que viu Rafa rematar sozinho na marca de penalti.

    Mas o Sporting não tremeu. Tomou para si a bola, mal deixou que a Académica lhe tocasse (chegou ao intervalo com 79% de posse) e atacou. Atacou muito. O acerto, esse, não foi tanto assim. Pelo menos nos remates, sobretudo os de fora da área, que não tinham sequer a direção da baliza. Adrien resolveu, por isso, driblar tudo e todos e fazer o empate no interior da dita. O capitão verde-e-branco está num primor de forma. Física e técnica. E quando o cabedal e os pés colaboram, a confiança dá para tudo.

    O empate chegou com o intervalo a cair, com Jorge Jesus expulso do banco instantes antes por indicação do quarto árbitro a Cosme Machado, numa recuperação de bola de João Mário a que Mané deu velocidade e dribles. Mané é outro, tal como Adrien, que hoje está a fazer a cabeça em água à Académica. Ruiz encostou para a viravolta. A Académica, demasiado defensiva, sempre coladinha à área e sem ninguém a ver-se na frente, apesar do golo no único remate que fez, foi presa fácil para um leão que quer vencer já hoje e pressionar o Benfica amanhã.

  • O árbitro Cosme Machado deu mais um minutinho para se jogar no José Alvalade e apitou depois para o intervalo. O Sporting vai vencendo… e convencendo.

    https://twitter.com/bola24pt/status/693547990854823936

  • GOLO! Aí está a viravolta: 2-1 para o Sporting

    A Ruiz bastou-lhe encostar, de baliza aberta. Mas o mérito é todo de João Mário e (sobretudo) de Mané. Quanto ao demérito, é todo de Nuno Piloto, que ficou a dormir na forma e perdeu a bola onde não se pode perdê-la: mesmo em frente da área, com os próprios defesas da Académica em contra-pé. João Mário pressionou-se, surripiou-lhe a bola e entregou-a a Mané. O extremo não é mais o mesmo do começo da época, foi-se o Mané cabisbaixo e retornou o confiante. Mané entrou na área, deixou o central Real feito num oito, fintou-o e cruzou para o meio, onde o costa-riquenho Ruiz só teve de encostar a canhota na bola para a desviar para o 2-1.

  • Cosme Machado expulso Jorge Jesus por indicação do quatro árbitro.

    https://twitter.com/bola24pt/status/693546902118371328

  • Sai Naldo, lesionado, e entra Ewerton. É a primeira substituição no Sporting e no jogo.

  • GOLO! Ou melhor, golão de Adrien, a fazer o 1-1

    Adrien ou Messi? Um Adrien à Messi. O capitão testou a mira, instantes antes, mas estava um tanto frouxa. E se a coisa não ia lá com remates de fora da área, havia que entrar nela, em dribles, bola para cá, Aderlan para lá, bola para aqui, Fernando Alexandre para acolá, e quando Adrien não tinha mais quem ziguezaguear, chutou. E aí, sim, a mira lá se acertou e, procurando o poste contrário, encontrou-o mesmo. Que de antologia, este de Adrien, que (não é de hoje) está numa forma física e técnica como nunca antes.

1 de 2