O presidente do Governo da Madeira salientou nesta segunda-feira a importância das regiões autónomas na afirmação geoestratégica de Portugal, considerando que o Estado tem de reconhecer esse papel dos Açores e da Madeira. “É necessário de uma vez por todas que o Estado perceba esta evidência, da posição geoestratégica atlântica de Portugal, que está longe de ser percebida pelas instâncias centrais do Estado e ai do país que não pensa sobre os seus interesses numa perspetiva de futuro”, frisou.

Miguel Albuquerque falava em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores, no final do encontro Açores-Madeira, iniciado no sábado, e depois de os governos das duas regiões autónomas terem assinado dez protocolos de cooperação e uma declaração conjunta.

Para o presidente do executivo madeirense, é “indiscutível” que são as regiões autónomas dos Açores e da Madeira que dão “dimensão atlântica e marítima” a Portugal e o país terá de afirmar a sua posição geoestratégica na bacia do Atlântico, “o espaço central de intercâmbio comercial mais importante do século XXI”.

“Temos de afirmar a nossa força, a nossa posição e a nossa importância enquanto conferimos ao país, de facto, aquilo que ele nunca poderá deixar de ser, que é um país atlântico, um país cosmopolita e um país posicionado geoestrategicamente na bacia do Atlântico, graças às regiões autónomas da Madeira e dos Açores”, frisou.

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Miguel Albuquerque considerou que a parceria estratégica entre os governos das duas regiões autónomas reforçará “as suas justas reivindicações no quadro nacional e europeu”, na “defesa intransigente e primacial dos interesses da ultraperiferia, da autonomia política e da insularidade”.

Por sua vez, o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, adaptou uma célebre frase do antigo presidente norte-americano John Kennedy para colocar a colaboração entre as duas regiões acima das reivindicações que poderiam ter sido feitas ao Estado.

“Não perguntámos o que outros podiam fazer por nós, mas sim o que nós podemos fazer um pelo outro”, disse, acrescentando que, apesar de não terem saído deste encontro acordos relativos a uma “frente autonómica face a outras entidades”, os resultados foram “para além das expectativas iniciais”.

Na declaração conjunta, os presidentes dos governos regionais dos Açores e da Madeira comprometeram-se a avaliar as condições necessárias para uma “maior articulação em termos de sistemas de transportes, com o objetivo de impulsionar o setor do turismo, bem como de promover a exportação de bens das duas regiões”.

Os dois executivos assinaram também os protocolos, mas decidiram ainda desenvolver propostas de cooperação noutras áreas, como a política marítima integrada da União Europeia, a investigação e o desenvolvimento, o turismo náutico, as energias renováveis ou a promoção e divulgação de produtos regionais e o aperfeiçoamento dos canais de distribuição.

Miguel Albuquerque e Vasco Cordeiro decidiram realizar um novo encontro entre os dois governos em 2017 e vão convidar Cabo Verde e Canárias para a realização da II Cimeira dos Arquipélagos da Macaronésia, propondo que a mesma decorra também no próximo ano, nos Açores.

Os membros dos dois executivos regionais deverão constituir uma Comissão Conjunta de Acompanhamento, que deverá reunir com periodicidade anual, para seguir a execução das ações definidas na declaração conjunta.