Benji Hughes

Songs in the Key of Animals

Benji Hughes é norte-americano e compõe para filmes e anúncios publicitários. Lançou o primeiro (e longo) disco em 2008 e regressa agora, pela Merge Records, com Songs in the Key of Animals, um álbum que apesar de ter apenas 41 minutos, está dividido, na edição física, em dois CD. Demorou dois anos a gravar, o que talvez nem seja muito tempo para o tamanho da excentricidade (musical) de Benji Hughes.

Percebe-se logo no arranque, só podia ser um pavão a escrever um disco que fala de raparigas às compras com a mesma ligeireza com que canta o amor emocionado. É um álbum experimental, carregado de estereótipos, trata-nos a todos como os animais que somos e é, também por isso, uma das coisas mais palermas e divertidas que vai ouvir este ano.

Este tema que apresentamos não borra a pintura mas também não faz justiça a Songs in the Key of Animals. Oiça “Peacockin’ Party” ou “Zebra”. Divirta-se, o verão vem a caminho.

Turin Brakes

Lost Properties

A velocidade e intensidade da música não se avalia pelo número de mudanças. Os Turin Brakes nunca tiveram muitas e assim se mantêm neste sétimo álbum de estúdio. Música eminentemente acústica, sem complicações e truques, que ganha pela riqueza (por vezes pouco óbvia) das composições de Olly Knights. É dele também aquela voz peculiar de que se gosta ou detesta, um timbre tão especial que identifica de imediato a banda. 15 anos depois da formação, os Turin Brakes seguem sem travões e sem pressa, fiéis ao som que fez deles uma das bandas mais interessantes da indie folk britânica. Se ganhar balanço, oiça a discografia completa, vai fazer uma boa viagem.

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St. Lucia

Matter

Por detrás do projeto St. Lucia está o sul-africano Jean-Philip Grobler, entretanto radicado em Brooklyn (Nova Iorque). Cresceu com as influências do pop/rock das décadas de 1980/90, uma semente que está espalhada também pelo anterior When The Night (2013), pelas remisturas (Passion Pit e Foster the People) e pela produção — o álbum de estreia da dupla HAERTS foi coproduzido por Grobler. Este segundo LP de St. Lucia segue a mesma linha, com 11 canções eletro pop a puxar para a dança, um disco óbvio sem ser previsível. Mais do mesmo, o que neste caso é bom.

Sia

This is Acting

Poucos terão dúvidas de que Sia Furler é uma artista de corpo inteiro. Neste sétimo álbum, a cantora australiana volta a dar uso à voz poderosa ainda que, musicalmente, o resultado seja inconsistente. Talvez porque This is Acting seja um disco de canções escritas (e rejeitadas) para outras artistas – Adele, Rihanna e Beyoncé. Nesta nova fase, a atravessar os 40 anos de idade, Sia atira-se de cabeça para interpretar (lá está, “atuar”) esses apontamentos soltos. Não se sai mal mas fica a sensação do desajuste, como quem nada fora de pé. Está por isso longe de ser um marco importante na carreira da artista que deu voz à famosa série de televisão Sete Palmos de Terra, ainda assim vale pelo desafio.

Wet

Don’t You

Este é o álbum de estreia do trio norte-americano formado pela vocalista Kelly Zutran e pelos multi-instrumentistas Joe Valle e Marty Sulkow. O EP Wet, lançado em 2014, foi bem recebido pela crítica e antecipou o sossego pop deste Don’t You, um disco elegante que encaixa sem esforço na nova corrente R&B alternativa. Kelly Zutrau tem uma voz bonita, quase triste, que casa bem com as melodias suaves, o que faz de Don’t You um disco fácil e com todos os ingredientes para agradar às massas. Tem nos primeiros temas os pontos fortes, este é um deles:

Bloc Party

HYMNS

A banda britânica entrou a matar com Silent Alarm (2005), um dos discos mais importantes dessa década e uma referência única na discografia dos Bloc Party. Precisamente 11 anos depois, regressam com HYMNS, uma coleção macia de canções indie pop, bem tocadas e produzidas, limpinhas (talvez demais). Perderam a gana de outros tempos, o que desagrada a uns e conquista outros. Evoluir também é isso, quer se goste ou não, foi o caminho que escolheram. Nada como experimentar, nenhum hino fica para sempre.