O secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, disse esta quinta-feira que muitas das startups que viu nascer nos últimos anos se estão a tornar “numa das principais fontes de inovação das empresas dos setores mais tradicionais” e que os “investimentos em infraestruturas tecnológicas, em ciência e na qualificação de pessoas” permitem que Portugal seja hoje um dos países que vai liderar aquela que é a quarta revolução industrial a que a história assiste: a digital. 

Esta é a primeira revolução industrial em que a localização geográfica não conta e estamos todos convocados. É este o desafio que tenho para vocês”, afirmou durante a conferência Startup Go Global, promovida pela AICEP – Portugal Global, Câmara Municipal do Porto, Câmara Municipal de Lisboa e Web Summit, esta quinta-feira, em Lisboa. 

João Vasconcelos foi diretor da Startup Lisboa desde a fundação, em 2011. Esta quinta-feira, afirmou que o papel do Governo é o de ajudar as empresas a estarem preparadas e que é por isso que estão a avançar com um “ambicioso programa semente, com benefícios fiscais para business angels [investidores particulares] e com o lançamento de um programa de aceleração “capaz de competir com os melhores da Europa”. Além disso, quer criar uma rede nacional de incubadoras e fablabs.  

“Muitas das startups presentes debatem-se com o problema do crescimento e todos sabemos que o crescimento passa, em primeiro lugar, por mais investimento. Nesta matéria, compete ao Governo criar condições para que tenhamos mais e melhor investimento. Aos empreendedores compete estarem atentos para que as oportunidades que aí vêm sejam bem aproveitadas”, referiu. 

João Vasconcelos adiantou que o Executivo está a criar condições de investimento para as empresas, quer aumentando o investimento privado, quer acelerando a distribuição dos fundos comunitários. “Estamos a dedicar uma atenção muito especial ao investimento em novas ideias, através de capital semente, e a criar condições para que o crowdfunding [financiamento coletivo] e o peer-to-peer [entre particulares] possam ser alternativas reais de financiamento para as empresas”, acrescentou. 

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“Precisamos de investir em contínuo na produção de talento”

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, afirmou, na mesma conferência, que “a economia digital teve o condão de quebrar aquilo que durante séculos foi a grande barreira ao crescimento da economia portuguesa”: o problema da escala. Para Medina, um dos desafios mais exigentes das empresas era a internacionalização, ainda que fosse para a vizinha Espanha. Algo que a economia digital “veio resolver”. 

As empresas nascem imediatamente internacionais. Com muita rapidez, passam do pequeno para o global. E esta é uma característica nova da economia global que vem a favor de uma economia como a portuguesa”, refere Fernando Medina. 

Afirmando que uma das prioridades da Câmara Municipal de Lisboa é cuidar do ecossistema de empreendedores. E isso significa “cuidar da produção de talentos, assegurar que Portugal continua com os seus recursos investidos nas universidades, nos centros de investigação, rejeitando a ideia que diz que temos licenciados a mais”, disse Medina. 

“Nós precisamos de mais investimento em talento. Precisamos de investir em contínuo na produção de talento”, disse o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, acrescentando que é preciso mudar mentalidades e aceitar o risco, o erro e o insucesso como uma “dimensão cultural essencial ao ecossistema empreendedor”. 

“Durante muito tempo, houve uma cultura de aversão ao risco, que fez com que as pessoas desvalorizassem a iniciativa e valorizassem o resultado. A nossa visão é oposta a essa. Arrisquem”, afirmou Medina, referindo que é “absolutamente essencial” passar da valorização de uma cultura de resultado à valorização de uma cultura de atitude, de iniciativa”. 

A Web Summit é a maior conferência de tecnologia, empreendedorismo e inovação da Europa e vai acontecer entre 8 e 10 de novembro no MEO Arena e na Feira Internacional de Lisboa (FIL). São esperadas 50 mil pessoas. As edições de 2017 e 2018 estão também asseguradas, com possibilidade de estender o contrato por mais dois anos. O investimento para o evento, financiado pelo Turismo de Lisboa, Turismo de Portugal e pela AICEP – Portugal Global, é de 1,3 milhões de euros.