O primeiro-ministro encontra-se esta sexta-feira com a chanceler alemã, em Berlim, num dia em que, em Lisboa, é entregue a proposta de Orçamento do Estado no Parlamento e, em Bruxelas, o executivo europeu analisa as contas portuguesas.

Na capital alemã, o dia do chefe do executivo, António Costa, inicia-se com uma visita à Feira de Agricultura, Fruit Logistica 2016, seguindo-se uma deslocação à Chancelaria Federal, onde decorrerá um almoço de trabalho com Angela Merkel.

Os governantes deverão tratar assuntos que marcam a agenda da União Europeia como a crise dos refugiados, incluindo as discussões sobre fronteiras e o espaço Schengen, além do referendo sobre a permanência do Reino Unido entre os 28 Estados-membros.

Pelo lado português, além do primeiro-ministro, vão marcar presença, nomeadamente, o embaixador de Portugal em Berlim, João Mira Gomes, e a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques. Após o almoço está marcada uma conferência de imprensa conjunta.

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Para a parte da tarde, António Costa tem na agenda a inauguração do novo centro cultural português em Berlim e uma visita à Fundação Friedrich-Ebert Stiftung, onde decorrerá a palestra “Portugal-Alemanha, uma parceria reforçada na Europa”.

Em Lisboa, decorrerá a entrega da proposta de Orçamento do Estado para 2016, que foi aprovada na quinta-feira, após seis horas e meia de reunião do Conselho de Ministros.

Já em Bruxelas, pelas 14h locais (13h de Lisboa), tem início a reunião extraordinária do colégio de comissários europeus, que vai emitir o parecer formal em relação ao esboço orçamental do Governo.

Duas mil vagas no ensino superior para refugiados

No encontro desta sexta-feira também vão ser discutidas soluções para conter e resolver a situação dos refugiados na Europa, e em especial na Alemanha. Ao jornal Público, o socialista diz que Portugal deveria ser “uma ajuda para as soluções europeias” e que é com esse objetivo que se desloca a Berlim. Uma das medidas que o primeiro-ministro português vai propor à chanceler alemã é a oferta das duas mil vagas disponíveis neste momento nas universidades e politécnicos portugueses a estudantes refugiados para que estes possam depois seguir o seu caminho normal no país.

Para além disto, António Costa admite que possa ser feito um recrutamento de refugiados que estejam disponíveis a trabalhar na agricultura e em concreto na produção de estufas, que é um exemplo de um sector que se tornou pouco produtivo ao longo dos anos e que hoje são forçados a contratar empregados vietnamitas e tailandeses, explica o Público.

No princípio de setembro de 2015, António Costa falava num debate do PS em Alverca sobre políticas sociais e, quando o tema chegou à crise dos refugiados, defendeu uma proposta que tinha algumas semelhanças com esta. De acordo com o lider socialista, o fluxo de migrantes a chegar à Europa seria “uma grande oportunidade de recuperar património abandonado, de criar uma nova oportunidade de vida para estas pessoas e uma melhor forma de desenvolver o nosso território”:

Quando eu vejo o estado em que está a nossa floresta, quando vejo os autarcas da zona do pinhal, do interior, a queixarem-se da falta de mão de obra para fazer a manutenção do pinhal, [eu pergunto-me]: “Mas está aqui tanta população que está habituada a trabalho agrícola, que tem capacidade de trabalhar nesta floresta”, por que razão não são integradas em “aldeias que estão construídas, onde as habitações existem, onde os equipamentos existem e estão a ser abandonadas pela desertificação”.