Pedro Sánchez, líder do PSOE e encarregue pelo Rei Felipe VI de tentar formar governo, vai reunir-se esta quarta-feira com o ainda presidente do Governo e líder do Partido Popular, Mariano Rajoy, noticia o El Español. Porém, o ainda ministro da Saúde do executivo de Rajoy, Alfonso Alonso, manifestou pouco otimismo quanto ao resultado da reunião: segundo Alonso, os dois deverão opor-se, “a não ser que Sánchez se arrependa” e viabilize um governo encabeçado por Mariano Rajoy. No dia seguinte (quinta-feira), será a vez de Albert Rivera, líder do Ciudadanos, reunir-se com Mariano Rajoy, noticia o El Español. Esta segunda-feira, a equipa negocial do seu partido reuniu-se com a do PSOE.
En estos momentos el equipo de C's se reúne con el PSOE en la segunda mesa de negociación #CongresoCs pic.twitter.com/5cDaGTqvCZ
— Ciudadanos ???? (@CiudadanosCs) February 8, 2016
Sánchez envia programa de Governo… mas exclui PP e independentistas
Ainda esta segunda-feira, o líder do PSOE enviou um programa de Governo às forças políticas com que pretende negociar um acordo de governação. Ou seja, o PP e os partidos independentistas catalães (Esquerda Republicana da Catalunha e Democracia e Liberdade) ficaram de fora, como Pedro Sánchez já havia prometido em conferência de imprensa, após ter sido convidado pelo Rei a tentar formar governo.
Nuestra agenda de negociación. Nuestras propuestas negro sobre blanco. No hay vetos, hablemos y acordemos. https://t.co/cz10yNhXaX
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) February 8, 2016
Recorde-se que a coligação Juntos Podemos (que inclui o Podemos catalão) tentou, nas últimas semanas, convencer estes dois partidos a viabilizar um governo de coligação entre PSOE, Esquerda Unida e Podemos, de que os três partidos necessitariam para contornar o “não” dos partidos de centro-direita (Ciudadanos e PP). A tentativa, contudo, não se revelou bem sucedida: a Esquerda Republicana da Catalunha afirmou que votaria não a um governo que não reconheça a autonomia da Catalunha (uma proposta que vai além do referendo independentista, que o Podemos propôs em campanha eleitoral), ao passo que a Democracia e Liberdade recusou mesmo reunir-se com a coligação Juntos Podemos.
Ciudadanos aproxima-se dos socialistas…
O programa de Governo enviado pelo PSOE às forças políticas com quem negoceia está bastante próximo daquele que foi o programa com que os socialistas se apresentaram a eleições. Mas estão incluídas cedências aos partidos à sua esquerda e à sua direita (Ciudadanos), relata o El País.
Ciudadanos no ve ningún obstáculo «insalvable» para llegar a un acuerdo con el PSOE https://t.co/PstcR8bTRI pic.twitter.com/Whnc60TKHN
— Ciudadanos ???? (@CiudadanosCs) February 8, 2016
Um dos novos dados do programa é o anúncio de que os socialistas não se comprometem a descer o défice a menos de 3% do PIB, até ao final de 2016. O PSOE defende que “é preciso renegociar o rumo do défice público” porque “os cortes de 9 mil milhões [de euros] a que estamos obrigados [pela Comissão Europeia] não os podemos fazer”. O objetivo é, assim, “chegar a um acordo razoável com as instituições comunitárias” quanto à meta do défice: o PSOE propõe que este fique abaixo dos 3% apenas em 2017, e que desça até 1% do PIB em 2019, em contrapartida do não cumprimento em 2016. A própria Comissão Europeia já havia sugerido que dificilmente esse objetivo seria cumprido este ano.
Entre outros objetivos anunciados estão, por exemplo, uma reforma constitucional (que, segundo o El País, “coincide em muitos aspetos com as propostas do Podemos e do Ciudadanos”), a luta contra a fraude fiscal, a eliminação dos “gastos supérfluos” da administração pública, a introdução de mais uma pensão não contributiva (o rendimento básico vital, destinado aos mais necessitados), medidas de promoção da igualdade de género e medidas na área do ambiente e cultura, apoiadas por Iglesias e Rivera.
O Ciudadanos já reagiu ao programa de Governo apresentado pelo PSOE: e não o fez de forma crítica. Embora salientando que existem áreas onde os dois partidos registam “diferenças”, Albert Rivera afirmou que “há pontos de acordo em algumas coisas” e concordou com Sánchez ao defender que “Espanha não pode fazer mais cortes e não pode deixar determinadas políticas sociais“. O partido de Rivera, que defendeu ainda a posição de Sánchez quanto à flexibilização das metas do défice (“A melhor maneira é apresentar ao Eurogrupo um plano sério a dois anos”, defendeu), pressionou ainda o PP: os populares devem decidir “se negoceiam (…) ou se pretendem ficar presos na posição de ou Rajoy ou ninguém“.
En C's queremos un acuerdo con UE para cumplir objetivos de déficit en 2 años,evitando más recortes y más impuestos https://t.co/ebGQd31XRG
— Albert Rivera (@Albert_Rivera) February 8, 2016
… Já o Podemos mantém-se inflexível
Se o Ciudadanos se aproximou do PSOE nos comentários ao programa de Governo apresentado, o Podemos não se desviou um milímetro. Pablo Iglesias até elogiou o documento, afirmando que “se parece muito ao programa do Podemos”. Mas o partido de Iglesias insiste que os socialistas não podem “olhar para a [sua] direita”, isto é, para o Ciudadanos.
Só que Pedro Sánchez, líder do PSOE, tem reiterado que quer “estender a mão” (também) ao partido de Albert Rivera e vai criticando a posição do Podemos, ao dizer que é Pablo Iglesias quem tem de decidir se “o acompanha ou não na mudança” de governo. O secretário do partido, César Luena, corrobora: se o Podemos continuar a vetar negociações do PSOE com o Ciudadanos é responsável para que “Rajoy continue a governar”, defende.
Texto editado por João Cândido da Silva