Estávamos em 2009 quando o filme Ele Não Está Assim Tão Interessado chegou às salas de cinema um pouco por todo o mundo. A comédia romântica que muitos asseguram ser “um filme de domingo à tarde” focava-se num conjunto de histórias românticas longe de serem correspondidas e mostrava os dramas de quem mendigava por amor.

Quase dez anos depois, o enredo inspirado num livro com o mesmo título continua atual, porque saber ler intenções e interpretar sentimentos ainda tem muito que se lhe diga. Longe de nos querermos posicionar como anti-românticos, reunimos algumas dicas para que seja mais fácil identificar quando ele ou ela não está assim tão interessado/a — encontrar 14 tópicos não foi tarefa fácil e exigiu não só a ajuda de colegas e amigos, como também a participação da psicóloga e sexóloga Vânia Beliz.

Mas antes de partirmos para o “ataque” convém lembrar que esta está longe de ser uma ciência exata e que o que funciona para uns, não funciona para outros. No final, os popularmente designados feelings tendem a ser uma boa solução para dúvidas mais e menos persistentes.

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O amor é nobre demais para ficar mendigando.

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1. Quando demoram mais do que um dia a responder

Hoje em dia é tão comum ficar à espera de uma notificação do chat do Facebook como de um telefonema da pessoa de quem gostamos. Mas quando a resposta demora algum tempo a chegar — um dia, a título de exemplo –, é provável que algo não esteja bem. Não, a falta de comunicação não se deve ao facto de ele ou ela ter tido um acidente e ter ficado temporariamente em coma. O mais provável, convenhamos, é haver falta de interesse.

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“Quando a pessoa está interessada há uma tendência para estar mais próxima”, começa por dizer Vânia Beliz. “Às vezes há aquela situação em que as pessoas dão um pouco de espaço para não se mostrarem demasiado disponíveis, mas se há uma falta de resposta depois de alguns passos dados, tal pode significar falta de interesse.” A isso acrescenta-se o facto de as novas tecnologias aumentarem a ansiedade de quem foi o último a falar — referimo-nos aos “lidos” e “vistos” das iMessages e do Facebook, que acusam que a outra pessoa já teve oportunidade de abrir a janelinha da mensagem, ler o que lá está escrito e… simplesmente não responder.

2. Quando estão sempre a adiar um encontro ou nunca chegam a marcar a data

“Estou ocupado/a”, “esta semana está difícil” ou “vou ver na minha agenda”. Cada uma das respostas à pergunta “quando nos vemos?” é fatal e pode ser um golpe para quem, deste lado, tem expectativas de um romance. “Quando estamos apaixonados temos tempo para tudo, se for preciso não comemos, não dormimos”, assegura Beliz, evidenciando o que o senso comum há muito nos anda a segredar ao ouvido. No entanto, a psicóloga que também é sexóloga faz uma ressalva: nem sempre é fácil para uma pessoa dizer a outra que não está interessada, pelo que as respostas evasivas podem servir para evitar o confronto.

3. Quando mantêm alguma distância

A aproximação física é um sinal de sedução, entre homens e até animais. O toque subtil no ombro, o roçar “acidental” das mãos e das pernas são ferramentas capazes de fazer o outro suspirar. Dito isto, quem escolhe manter um distanciamento físico fá-lo porque, provavelmente, não há vontade de querer estar perto da outra pessoa e/ou não há empatia. “É um indicador de que não existe espaço para a entrada do outro.”

4. Quando estão demasiado descontraídos e evitam olhar nos olhos

Quando um homem está demasiado descontraído num encontro é porque não está assim tão interessado. Mas caso uma ponta de nervosismo entre na equação, já a história é diferente — o argumento, esse, é da ala masculina. Vânia Beliz discorda e argumenta que a descontração varia consoante o grau de segurança de cada pessoa. Já sobre a ideia de olhar alguém nos olhos, a psicóloga acrescenta: “Podemos estar apaixonados e não conseguir olhar o outro dessa forma, mas acho importante olharmos alguém nos olhos quando se gosta, até porque há um sentido de confirmação.”

5. Quando recusam falar de assuntos pessoais

Há muito a dizer quando o tópico são perguntas do foro íntimo, daquelas que fazem uma pessoa ir à bagagem emocional abrir uma mala que, com o tempo, está cada vez mais empenada. Convenhamos, falar a fundo da vida privada nos primeiros encontros nem sempre é fácil (ou aconselhável) e também há quem venha de longas relações e tenha dificuldade em partilhar detalhes de uma vida privada. No entanto, em causa podem estar outras variáveis quando a situação descrita se arrasta no tempo, até porque quem procura apenas uma relação sexual não tem por hábito comentar a vida pessoal. “Isso pode significar que a pessoa não está pronta para assumir um compromisso mais sério, que não está segura daquilo que quer.”

6. Quando não perguntam como correu o dia

Ok, não é para levar a pergunta “como correu o teu dia?” num sentido literal. O que está em cima da mesa é a falta de interesse na vida do outro. “Das duas uma, ou esta é uma pessoa muito egoísta, que está centrada na sua própria vida, ou não está assim tão interessada”, admite Beliz. É também ela que deixa ainda a seguinte observação: o que pode ser adequado para um casal pode não ser para outro e dinâmicas de relações há muitas.

7. Quando não apresentam os amigos

Há muitas formas de ler esta situação até porque, ao contrário do que se possa pensar, a vida não é “preto no branco” e está cheia de cinzentos. Há quem escolha passar algum tempo só com uma pessoa antes de gritar ao mundo que está acompanhado/a, o que pode ser encarado como uma decisão sensata. O problema, mais uma vez, pode existir quando isso acontece durante muito tempo. “Aí a pessoa até pode pensar se a outra tem alguma coisa a esconder”, diz a psicóloga, que lembra que apresentar alguém à família ou aos amigos funciona como uma segunda aprovação.

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Não olhar diretamente nos olhos pode ser um sinal de que ele ou ela não está assim tão interessado(a). Ilustração: Amélia Lageiro/Observador

8. Quando nunca são os primeiros a meter conversa

Sim, a iniciativa é uma capacidade da qual nem todos dispõem e a falta dela não significa, a priori, que não haja interesse. Mas o mesmo não se pode dizer quando uma das partes é constantemente a primeira a meter conversa ou a fazer convites sociais — na via das dúvidas, talvez seja melhor dar uma olhadela à janela do chat e fazer contas à vida.

9. Quando só combinam coisas depois da meia-noite

É Vânia Beliz quem faz uma comparação que dá que pensar: “É o mesmo que uma pessoa só nos levar para casa dela e não sair connosco para lado nenhum”. Quando alguém apenas se propõe a um encontro quando já uma grande parte da população está debaixo dos lençóis, é caso para perguntar o que aconteceu às restantes horas “normais” do dia. E, já agora, com quem é que ele ou ela as passou?

10. Quando falam frequentemente dos ex-namorados

“É péssimo. É uma falta de respeito e um mau começo”, atira Vânia Beliz sem demoras. “Acho que não devemos comentar com outras pessoas situações das nossas relações passadas”, comenta, reforçando uma dupla ideia: se alguém o faz constantemente pode ser porque quer afastar quem tem à sua frente ou, então, porque ainda não está bem resolvido. “Se se fala nisso é porque se pensa nisso, não temos o hábito de verbalizar coisas nas quais não pensamos.”

11. Quando dizem que não estão preparados para uma relação

“Eish… Essa iguala a frase ‘a culpa não é tua, é minha'”, avança a psicóloga. Dizer isto é o mesmo que admitir “não estou preparado/a para ter uma relação contigo”, uma vez que, afirma Beliz, quando as pessoas estão apaixonadas perdem o receio. Mas também pode acontecer que essa frase sirva como um mecanismo de defesa ou signifique que quem a proferiu queira avançar com calma. “Imagine que uma pessoa saiu de uma relação longa… Isso poderá significar que não se quer envolver emocionalmente, que não quer investir.”

12. Quando querem começar uma relação na hora

Aqui a situação é inversa: falamos de alguém que, depois de poucos encontros, está disposta a dar o passo em frente (claro que não há um número exato de encontros mas, em última análise, o senso comum diz para apostar nos feelings individuais). Quando uma história se desenrola desta forma, o mais provável é que uma das partes esteja à procura de uma boia de salvação e corre o risco de, no processo, ser sufocante.

13. Quando ainda não convidaram para sair

Não é de todo incomum ouvir relatos de duas pessoas que passam meses a conversar no universo virtual sem que, ao fim de tanto tempo, continue a não existir um convite oficial para sair, seja para beber um copo ou jantar. Na equação entra uma vez mais a questão da iniciativa — que às vezes parece um dom raro — e o facto de as redes sociais ajudarem os mais tímidos a meter dois dedos de conversa. Mas quando não é a falta de segurança que está em jogo, pode acontecer que uma das pessoas esteja comprometida ou tenha algo a esconder. “Existem muitas pessoas que mantêm conversas com determinados conteúdos (leia-se, sexuais) de modo a melhorar o ego e que, por isso, nunca chegam a concretizar nada.”

14. Quando não pagam o café

Mais uma vez, não é para levar o tópico à letra, até porque este, até mais do que os outros, particularmente subjetivo. Se em tempos a sociedade entendia que devia ser o cavalheiro a intervir na hora da conta, hoje em dia as regras do jogo são outras. Há quem queira dividir a despesa e quem se chegue à frente. Moral da história? Depende do que cada um gosta, ainda que fique (quase) sempre bem ser a pessoa que convida a tratar da conta.