Três dias depois de a sede regional do Partido Popular em Madrid ter sido alvo de buscas da Guarda Civil por suspeitas de financiamento ilegal, o partido de Mariano Rajoy tem uma baixa de peso: Esperanza Aguirre, a presidente do PP madrileno, demitiu-se.

“A corrupção está a matar-nos”, disse numa conferência de imprensa ao início da tarde de domingo. “Ficámos a conhecer notícias de indiscutível transcendência relacionadas com o PP de Madrid. Não foram dadas como absolutamente certas, não estão demonstradas, mas a sua gravidade leva-me a apresentar a minha demissão como presidente do PP de Madrid.”

Aguirre fez menção ao caso de Francisco Granados, o antigo número dois e secretário-geral do PP que foi preso preventivamente em outubro de 2014 por suspeitas de ser parte de uma organização criminal responsável por branqueamento de capitais, fuga ao fisco, falsificação de documentos, suborno e tráfico de influências.

“Há que ter em conta que por muito que eu o tenha destituído em 2011, Granados foi secretário-geral do PP de Madrid porque eu o quis e o facto de que um juiz o mantenha tanto tempo na prisão leva-nos a pensar que deve ter feito algo de grave”, admitiu Aguirre sobre o caso de Granados. “Isso leva-me a assumir a minha responsabilidade política. Tinha a obrigação de fazer uma melhor vigilância.”

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Rajoy “saberá o que tem de fazer”

A agora ex-presidente do PP de Madrid adiantou ainda que enviou uma mensagem a Mariano Rajoy informando-o da sua decisão. Segundo Aguirre, a resposta do Presidente de Governo em funções foi “entendo-te”. Quando lhe perguntaram se Rajoy deveria também demitir-se, Aguirre foi furtiva, mas também não disse que não:

Ele saberá o que tem de fazer. Este não é o tempo de afirmação de personalidades, mas sim o tempo de sacrifícios e de renúncia.”

Apesar de se demitir da liderança dos populares em Madrid, Aguirre vai continuar como porta-voz do PP na assembleia municipal de Madrid.

Esperanza Aguirre, 64 anos, é uma figura de proa do Partido Popular há vários anos. Foi ministra da educação e da cultura no Governo de José María Aznar (1996-1999) e presidiu ao Senado durante os três anos seguintes. Foi a seguir que ocupou durante mais tempo o mesmo cargo: o de presidente da Comunidade de Madrid, entre 2003 e 2012, ano em que se demitiu por “motivos pessoais”. Desde 2015 que era líder do Partido Popular em Madrid. Foi candidata a autarca de Madrid em maio de 2015, tendo perdido para Manuela Carmena, uma ex-juíza apoiada pelo Podemos.