Os comerciantes da rua dos Remédios, no bairro tradicional de Alfama, em Lisboa, estão descontentes com as obras que decorrem na via pública e que, alegam os lojistas, estão a provocar insegurança e prejuízos para os negócios.

Entre as principais queixas dos comerciantes da rua dos Remédios ouvidos pela Lusa encontra-se a insegurança devido à escassa iluminação e a dificuldade de circulação naquela via por causa de uma rede colocada em toda a largura da estrada, o que prejudica os negócios.

“Estamos sem ninguém nas lojas porque não passa aqui ninguém”, afirmou Gorete Carvalho, que gere uma perfumaria naquela rua usada por quem quer visitar o Panteão Nacional, acrescentando que “algumas casas já fecharam”.

Segundo a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, as obras preveem a repavimentação da via e a substituição das condutas do subsolo.

Os trabalhos tiveram início em novembro do ano passado, com um “prazo contratual de 150 dias”. Porém, num esclarecimento enviado hoje à agência Lusa, o presidente da Junta refere que “pela progressão da mesma e devido a algumas dificuldades encontradas no terreno, prevê-se que esta possa atrasar-se por cerca de 30 dias”.

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Segundo os comerciantes afirmam ter sido transmitido pela Junta de Freguesia, os trabalhos deveriam ter sido conduzidos de forma faseada para minimizar os constrangimentos.

Na resposta enviada à Lusa, Miguel Coelho diz que “a rua não está toda a ser intervencionada em simultâneo”, existindo duas fases.

“O troço compreendido entre o largo do Chafariz de Dentro e o cruzamento da rua do Vigário; o troço entre a rua do Vigário e a rua do paraíso”, afirmou.

“Os subtroços que haviam sido pensados para a primeira fase não foram implementados por dificuldades no acesso das viaturas de carga e descarga de materiais e também para se evitar que esta permanente circulação de veículos carregados de materiais possam danificar as zonas recentemente intervencionadas”, explicou o autarca.

Também a artesã Joana Cordeiro se encontra descontente com as obras, sublinhando a ocorrência de assaltos na rua, a dificuldade de circulação de pessoas com dificuldades de locomoção e o acesso dos veículos de emergência.

Nesta matéria, a Junta atesta que “o acesso de viaturas de bombeiros encontra-se assegurado nos termos definidos no plano de segurança aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa”.

Face aos prejuízos que já teve e prevê ter até ao final da intervenção, a perfumista Gorete Carvalho pondera “pedir uma indemnização ou ir para vias judiciais”.

Questionada pela Lusa, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior sublinha que “a concessão de indemnizações não foi considerada porque, dessa forma, não existiria possibilidade orçamental em executá-la”.

Assim, a autarquia prevê minimizar os “constrangimentos para moradores e comerciantes” através da “presença de um colaborador da Junta de Freguesia para facilitar o acesso de veículos o mais perto possível das suas habitações e estabelecimentos ou “a criação de lugares de estacionamento”.

A “existência de passadeiras de atravessamento na zona da obra” ou a colocação de candeeiros e projetores de luz adicionais para uma melhor iluminação da rua” também são referidos pelo presidente Miguel Coelho.