O presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, referiu que é preciso “perceber” o que é a TAP porque “parece” que a transportadora portuguesa é “um objeto voador não identificado e isso é que não pode ser”.

Confrontado com a questão de como interpreta o facto de ser uma empresa privada, a Ryanair, a ocupar um espaço que antes era ocupado por uma empresa portuguesa, a TAP, Rui Moreira disse ver a aposta “com satisfação desde que fique claro que não custa nada aos contribuintes do Porto”.

“Se não custar nada aos nossos contribuintes, tudo bem. O que não pode haver é as duas coisas. Não podem invocar umas vezes que a TAP é privada e portanto toma a decisão que quer e depois quando surgem estas questões dizer que a TAP é pública. Então se é pública estamos a pagar com os nossos impostos. Parece que a TAP é um objeto voador não identificado e isso é que não pode ser. Temos de perceber o que é”, referiu.

“Apenas me incomoda uma questão. É que para já ainda é transportador de bandeira e este trafego em alguns trajetos é um trafego que não está aberto à livre concorrência. Se manhã surgir uma empresa destas qualquer que queira operar entre o Porto e um destino no Brasil, não o pode fazer livremente e nós pretendemos que o possa”, acrescentou.

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O autarca falava aos jornalistas pouco depois de ter sido colocada na página da autarquia na Internet a informação sobre uma reunião com o diretor de rotas da Ryanair para solucionar as rotas abandonadas pela TAP de Barcelona, Milão, Bruxelas e Roma.

Também hoje a Ryanair anunciou, em conferência de imprensa, voos adicionais a partir do Porto para Barcelona, Milão e Bruxelas, rotas que foram suspensas pela TAP, e Madrid, bem como uma nova ligação para Varsóvia (Polónia) a partir de outubro.

Recorde-se que em janeiro, a TAP anunciou que ia suspender a partir de 27 de março quatro rotas do Porto para Barcelona, Milão, Bruxelas e Roma, e outras cinco de Lisboa com ligação a diferentes cidades europeias.

“Não fiquei nada surpreendido, fiquei satisfeito e corresponde àquilo que nós já acreditávamos que haveria quem ocupasse o espaço que fica vazio (…). Achamos que é bom negócio viajar para o Porto e achamos bem que o mercado corresponda a isso (…).Certamente que a Ryanair não faz esta rota para perder dinheiro”, disse Rui Moreira, acrescentando que as novas rotas desta empresa privada devem começar a realizar-se em novembro.

O presidente da câmara do Porto também espera ter “dentro de dias” uma “resposta positiva” ao desafio que diz ter lançado à Ryanair sobre Milão/Malpensa: “Malpensa, apesar de ter a mesma distância ao centro de Milão que Bergamo, situa-se do lado de Milão que mais interessa aos industriais portugueses principalmente da área do calçado e da confeção”, explicou.

E segundo o autarca o interesse de transportadoras aéreas em relação ao Porto não se resume à Ryanair.

“Sabemos que a Vueling também está a avançar com o reforço de voos para o Porto. Sabemos que a Easyjet está a avaliar isto. É muito importante que o mercado corresponda. Isso demonstra a dinâmica de uma região que puxa pelo aeroporto, um aeroporto que tem capacidade para acolher estas atividades privadas”, afirmou, recusando falar antecipadamente sobre a reunião que terá quarta-feira com o primeiro-ministro António Costa, mas é público que o tema do encontro é o “abandono da TAP do Aeroporto do Porto”.