A menstruação explica-se de forma simples nos dias de hoje: todos os meses o corpo feminino liberta ovócitos, que abandonam os ovários (onde são produzidos e maturados) e seguem para as trompas de Falópio. Depois é (quase) matemático: se essa célula encontrar um espermatozóide, ocorrer fecundação e depois nidação nas paredes do útero, a mulher está grávida e não tem o período. Caso não engravide, então a parede que reveste o útero e que funciona como uma “almofada” para receber o embrião não é necessária e é expulsa: a mulher fica menstruada.

Não – não devia ser – um bicho de sete cabeças: acontece desde que a espécie humana surgiu na face da Terra, acontece noutras espécies animais e garante a continuidade da Humanidade. Mas o conhecimento que hoje já reunimos sobre a menstruação e o funcionamento específico do corpo feminino não é o mesmo que havia há várias décadas: durante muito tempo, a ignorância acerca dos fenómenos naturais da menstruação levaram o período a estar envolto em misticismo, vergonha e insegurança.

Durante muito tempo as mulheres procuram modos de manter a higiene feminina naquela altura do mês. Usavam peles dos animais, esponjas do mar, algas e musgos para absorver o sangue menstrual à semelhança da forma como utilizamos os tampões hoje em dia. Entretanto, os materiais foram melhorados: em meados do século XIX utilizava-se o “avental sanitário”, um pedaço de borracha junto ao rabo, para evitar que o sangue escapasse quando a mulher estava sentada. A Revolução Industrial foi o marco de que o universo feminino precisava para ver os produtos de higiene serem finalmente melhorados e estudados, mas começou por ser um fracasso: nos anos 20 surgiu a Kotex, um produto à base de celulose e algodão, e depois vieram os cintos menstruais, os primeiros copos, os tampões, os pensos higiénicos e a evolução de todos estes produtos.

A higiene feminina era um assunto tão pouco abordado pela indústria que a maior parte dos anúncios tinham de incluir instruções explícitas no cartaz. A forma de persuasão é que era peculiar: durante algum tempo, o foco do marketing era levar as mulheres a crer que a utilização daqueles produtos garantia a felicidade no casamento. Elas não eram levadas a aderir às marcas em nome do seu bem-estar, mas sim do bem-estar dos namorados ou maridos. Mais tarde, a estratégia inverteu-se: os produtos de higiene feminina ficaram associados à independência, à liberdade e ao orgulho por ter nascido mulher.

Na fotogaleria pode encontrar algumas imagens do Museu da Menstruação e da Saúde Feminina em Nova Iorque (Estados Unidos) que o recordarão dos cartazes publicitários relacionados com o tema da menstruação.

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