A Universidade de Southampton, no Reino Unido, anunciou esta quinta-feira o desenvolvimento de um processo ótico de armazenamento e recuperação de dados suficientes para a construção de um disco duro de 360 terabytes. Os investigadores garantem que com este espaço será possível armazenar “toda a história da humanidade”, além de resolver o problema da falta de durabilidade dos dispositivos de armazenamento eletrónico.

“É emocionante pensar que criamos uma tecnologia para preservar documentos e informações e armazená-los no espaço para as gerações futuras. Esta tecnologia pode garantir a última prova da nossa civilização: tudo o que aprendemos não será esquecido “, comemora o professor Peter Kazansky, do Centro de Investigação em Optoeletrónica (ORC) da universidade.

A tecnologia vai permitir que o dispositivo de memória tenha um tempo de vida útil de cerca de 13,8 mil milhões de anos e entre as suas possíveis aplicações estão o armazenamento de grandes volumes de informação, como o catálogo de museus e bibliotecas.

Segundo o comunicado da instituição, a tecnologia esteve a ser desenvolvida nos últimos seis anos e foi inicialmente testada em 2013, quando os cientistas conseguiram guardar um ficheiro de texto de 300kb num nano-vidro em cinco dimensões (5D), uma espécie de vidro formado por pequenos cristais de tamanho inferior a 100 nanómetros. A “penta-dimensionalidade” deste dispositivo refere-se ao caráter tridimensional do vidro, propriedade comum de todos os objetos, mais as refrações e polarizações provenientes da maneira como a luz viaja através do vidro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para conseguir gravar dados, os cientistas utilizam um laser em alta velocidade (fentossegundo), que produz pulsos extremamente curtos e intensos. Estes pulsos gravam um ficheiro numa espécie de nano-estrutura em três camadas, definida por pontos no vidro separados por cinco micrómetros, o equivalente a uma milionésima parte de um metro.

Este “HD “em vidro nano-estruturado permanece estável se exposto a uma temperatura acima de 1.000°C e tem “tempo de vida virtualmente ilimitado” a temperatura ambiente, abrindo “uma nova era no armazenamento de dados permanente”, lê-se no comunicado.

Os cientistas da universidade já deram um nome para o nano-vidro: “Superman memory crystal” (“memória de cristal do Superman”, em português), em referência aos “cartões de memoria” usados em diversos filmes no super-herói. Comparativamente, a Samsung vai lançar este ano o disco duro de maior capacidade do mercado com 16TB, ainda sem data de comercialização, segundo o site Tech Times.