É um dos maiores exemplos de um cliché criativo: a sua vida continuará na obra que deixou. E neste caso por obra entenda-se “palavra”. Mestre académico da semiótica e da lógica da linguagem, romancista apaixonado por códigos, história e conspirações, Umberto Eco era sempre o mesmo, num trabalho científico ou num romance. Como o era entre livros e entrevistas. A linguagem era a mesma, a nossa interpretação também. Esta é uma recolha de uma parte ínfima desse legado – dos livros “O Nome da Rosa” ou “O Pêndulo de Foucault” e conversas com o Guardian, a Paris Review, O Der Spiegel, o Telegraph, a Publisher’s Weekly ou a revista Interview.

 

Sobre os livros

1. “Vivemos para os livros”

2. “Os livros não foram feitos para serem acreditados mas para que os questionemos. Quando lemos um livro, devemos perguntar a nós próprios não o que diz mas o que significa”

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3. “Há dois autores que me influenciaram, o Joyce e o Borges”

4. “Tenho cerca de 50 mil livros. Quando a minha secretaria disse que ia catalogá-los disse-lhe para não o fazer, os meus interesses mudam constantemente.”

5. “Sempre me considerei um académico que num fim de semana de Verão decidiu escrever um romance”

6. “Para sobreviver é preciso contar histórias”

7. “Quando conheci o Dan Brown disse-lhe que ele me devia ter dado royalties”

Sobre a lógica e as interpretações

8. “Como disse o homem, para cada problema complexo há uma solução simples e está errada.”

9. “Um cão não mente. Quando ladra é porque está alguém lá fora”

10. “Por vezes a frase de Flaubert, ‘a Madame Bovary sou eu’, não é verdade. Por vezes eu não sou as minhas personagens”

11. “As pessoas nunca são tão completamente e entusiasticamente más como quando o são ao agirem por convicção religiosa”

12. “Há muitas conspirações pequenas e muitas delas são expostas. Mas a paranóia da conspiração universal é mais poderosa porque dura para sempre”

Sobre os tempos recentes

13. “Berlusconi é um génio da comunicação, se não fosse nunca tinha ficado tão rico”

14. “Os jornais envolvem os factos em comentários. É impossível transmitir simples factos sem estabelecer pontos de vista”

15. “Sou um velho consumidor de jornais, não consigo evitar ler os meus jornais todas as manhãs, uso a TV para as notícias, os concursos de perguntas e, às vezes, para bons filmes”

16. “Não estou no Facebook nem no Twitter porque o propósito da minha vida é para evitar mensagens, recebo demasiadas mensagens vindas do mundo”

17. “O Google faz uma lista mas no instante em que olho para ela, a mesma lista já mudou. Estas listas podem ser perigosas”

Sobre ele próprio

18. “Ele [o pai] morreu muito cedo, em 1962, mas só depois de eu ter publicado alguns livros. Eram coisas académicas, provavelmente confusas para o meu pai, mas descobri que à noite ele tentava lê-los.”

19. “Uma mãe tem orgulho no seu filho, mesmo que o filho seja completamente estúpido”

20. “Escrevia histórias e princípios de livro quando tinha 10, 12 anos”

21. “Numa determinada idade, aos 15 ou 16 anos, a poesia é como masturbação. Ainda bem que desisti cedo.”

22. “Eram tempos estranhos. Mussolini era muito carismático e como acontecia com qualquer miúdo na altura, eu estava envolvido com o movimento fascista”

23. “Durante os primeiros dez anos da minha vida fui educado por fascistas, na escola, e eles faziam uso de uma conspiração universal, de que os ingleses, os judeus e os capitalistas conspiravam contra o pobre povo italiano”

24. “Há uma boa razão para nunca ter realizado um filme. É porque sou impaciente. Num filme, se precisas de um elefante e o elefante não está lá, tens de esperar dois dias. Eu não posso esperar dois dias por um elefante.”

25. “Não escrevo nenhuma espécie de autobiografia mas os romances são a minha autobiografia, há uma diferença.”