Pelos vistos, não há volta a dar: o Podemos recusou esta quarta-feira o acordo para formar governo com o PSOE e o Ciudadanos. O anúncio foi feito esta tarde por Íñigo Errejón, porta-voz e número dois do partido: “A eleição do PSOE não é compatível com o Podemos. Não vamos ser figurantes num acordo cosmético. O que hoje se apresentou foi um acordo redigido a pensar no PP”.

Pablo Iglesias, líder do partido, foi ainda mais longe: acusou o líder do PSOE de “não ter sido honesto” e confessou-se “triste e dececionado” com o acordo. Por isso, o Podemos decidiu não comparecer à segunda reunião de negociações entre os quatro partidos de esquerda (PSOE, Podemos, Compromís e Esquerda Unida), que tentavam chegar a um acordo para a formação de governo.

O mesmo não fez o líder da Esquerda Unida, Alberto Garzón, que decidiu comparecer “por cortesia” e para dizer a Sánchez que o acordo com o Ciudadanos também é “incompatível” com o seu partido.

Esta manhã, o PSOE, de Pedro Sánchez, assinou um acordo — denominado “Acordo para o Governo Reformista e de Progresso” — com o Ciudadanos, liderado por Albert Rivera Díaz. O documento, escreve o El País, contém vários pontos que não se coadunam com o que o Podemos defender em matéria económica, fiscal e territorial.

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O porta-voz do Podemos realçou ainda que depois de 5 de março, data fixada como o limite para o Parlamento aprovar Pedro Sánchez, líder do PSOE, como novo primeiro-ministro, “abrir-se-á outro tempo” de negociações. “A nossa mão continuará estendida”, garantiu Íñigo Errejón, sugerindo ao PSOE a possibilidade de fazer um acordo à esquerda, sem o Ciudadanos, depois desse período, caso não obtenha os apoios suficientes para formar governo até essa data.

O Podemos foi o terceiro partido mais votado nas eleições legislativas espanholas, realizadas a 20 de dezembro do ano passado, atrás dos socialistas do PSOE, segundo na lista, e do Partido Popular (PP), de Mariano Rajoy.