O debate foi lançado pelo ex-presidente do Novo Banco, Vítor Bento, e o PCP entrou na carruagem propondo a nacionalização do Novo Banco. O PS admite entrar no debate e diz que em última instância, a nacionalização é uma opção. Mas para os socialistas, a melhor opção é a venda para que o valor da venda possa ajudar a abater o défice público e a dívida.

“Se não houve nenhuma oferta que proteja os contribuintes e que seja uma oferta positiva, que dê viabilidade ao banco, se não houver nenhum comprados com uma oferta razoável, se calhar o melhor é mesmo ficar na esfera pública”, disse o socialista João Galamba aos microfones do Fórum TSF. Contudo, o socialista acrescentou que o ónus para defender uma entrada do Novo Banco na esfera pública está do lado daqueles que os defendem porque “não podemos é partir do pressuposto, que por definição é necessariamente melhor ficar na esfera pública, porque sim. Temos um ano para ter uma discussão séria detalhada sobre as vantagens e desvantagens sobre as opções”, acrescentou.

Mais tarde, em conferência de imprensa veio explicar o que quis dizer. Suavizou as palavras para dizer que “a ideia do PS é vender o banco e tentar realizar o maior ganho financeiro possível para o Estado e para os contribuintes”e que a única coisa que disse é “uma evidência”: “Se não houver nenhuma oferta, então deve ficar na espera pública. Parece-me uma evidência. Se não houver nenhuma proposta não temos verdadeiramente uma alternativa”, justificou em conferência de imprensa no Parlamento. Contudo, há ainda a possibilidade de pedir novo adiamento da venda, que tem de ser realizada até agosto de 2017.

O socialista foi na mesma senda do defendido por António Costa no debate do Orçamento do Estado e da posição que tem sido do Governo, mas no Fórum da TSF acabou por admitir a nacionalização como hipótese de último recurso. Aquando da discussão do Orçamento Retificativo, feito por causa da intervenção do Banif, essa era uma condição para o voto favorável do BE, que acabaria por ser negada por Mário Centeno e o Bloco de Esquerda acabaria por votar contra o Retificativo.

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No fórum, o socialista acabou por afirmar que o “PS defende a sua venda” porque assim “os contribuintes portugueses poderão recuperar parte do dinheiro que emprestaram ao Fundo de Resolução”. “Neste momento, uma venda por qualquer valor terá sempre um impacto positivo no défice e na dívida. Outros partidos como o PCP ou o BE entendem que o banco deve estar na esfera pública e é possível ter um debate sobre isso. O debate não deve é estar centrado no é vender ou nacionalizar”, acrescentou o porta-voz do partido, João Galamba.

Ou seja, a favor da venda do banco está a possibilidade de o montante da venda – independentemente de qual seja o valor – afetar “positivamente o défice e ajudaria a reduzir a dívida”.

Contra a nacionalização, está, por exemplo a capacidade do Estado em ter dois bancos públicos com necessidade de recapitalização. “Devemos perceber exatamente o que implicaria ser público. Quais as vantagens de ser público? Teria o Estado vantagem de ter outro banco público quando já tem a Caixa, tendo em conta as necessidades de recapitalização da Caixa e as eventuais necessidades de recapitalização do Novo Banco? Tem o Estado condições financeiras para ser um acionista capaz de dois bancos?”, questiona.

No mesmo fórum, o ex-presidente do Novo Banco, Vítor Bento, voltou a defender a entrada do Novo Banco na esfera pública para que o país tivesse alguma vantagem numa consolidação financeira. Ou seja, o Novo Banco serviria de estratégia para manter o controlo da banca portuguesa em mãos nacionais.