*Se ainda não começou a ver “Making a Murderer” (ou não chegou ao episódio final), perdoe-nos a ousadia. Mas este artigo pode conter spoilers.

É um dos fenómenos mais recentes da Netflix e não, não é ficção. A minissérie documental que conta a história de Steven Avery e do sobrinho Brendan Dassey prendeu os utilizadores do serviço de streaming de vídeo ao ecrã durante dez episódios. Agora, as realizadoras Laura Ricciardi e Moira Demos anunciam que os primeiros passos para gravarem a segunda temporada já foram dados, avança a Variety. Há mais “Making a Murderer” para breve?

Do nosso ponto de vista, esta história está claramente longe do fim. Estamos a falar da vida real e os casos que envolvem Avery e Dassey ainda não estão resolvidos. Não fazemos ideia de quando é que o juiz vai tomar uma decisão sobre o processo de Brendan. Sabemos que pode ordenar a sua libertação ou pedir um novo julgamento. E como tem havido uma evolução significativa [dos processos] gostaríamos de continuar a documentar este caso”, afirmou Laura Ricciardi, numa conferência em Nova Iorque.

O trabalho de dez anos da dupla já fez com que fossem lançadas várias petições a pedir a libertação dos protagonistas e que Barack Obama se visse obrigado a manifestar publicamente sobre o caso. Entretanto, as realizadoras revelam que já entraram em contacto com as novas advogadas de Steven para continuarem a gravar as conversas que têm com Avery e a filmar todo o processo. A Netflix já tinha revelado em janeiro que estava disponível para divulgar uma segunda temporada.

Alerta Spoiler: No momento em que a primeira temporada termina, Steven Avery perdeu o direito a ter um advogado do Ministério Público e está a tentar, sozinho, provar a sua inocência. Na vida real, o último episódio está desatualizado: Kathleen Zellner é a nova responsável pela defesa de Steven e já recolheu, inclusive, novas amostras de ADN para tentar provar a sua inocência.

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Em entrevista à Fortune, Moira Demos explica que “Making a Murderer” foi produzido num altura em que o mercado mudou. “Acreditamos que existe um apetite por este tipo de storytelling profundo, que é uma experiência que só se pode oferecer num formato longo. Mas tivemos de nos manter fortes e acreditar que teríamos uma casa para o nosso trabalho [de 10 anos]. E continuámos a fazê-lo”, referiu.

Sobre o sucesso da série, explicou que deram coisas às pessoas que elas ainda não tinham visto e que fez com que pudessem mergulhar na investigação. “Acho que isso cativa muito as pessoas. Estavam desejosas disto”, afirmou, acreditando que a série ofereça aos espectadores uma experiência que permanece com eles mesmo quando acabam de ver o último episódio.

Steven Avery, contudo, nunca chegou a ver a minissérie que fez com que a sua história chegasse a todos os cantos do mundo. O pedido que fez para assistir a “Making a Murderer” na prisão foi negado.

Que história é a de “Making a Murderer”?

É a de um norte-americano, Steven Avery, que em 1985 é condenado a 32 anos de prisão por agressão sexual e tentativa de homicídio de Penny Beerntsen, apesar de afirmar que é inocente. Dezoito anos depois, uma prova de ADN acaba por confirmar que foi acusado e detido injustamente. Quando sai, processa as autoridades e reclama uma indemnização de 36 milhões de dólares. Pouco tempo depois, é preso e acusado do homicídio de uma fotógrafa de 25 anos, Teresa Halbach. O sobrinho de 16 anos, Brendan Dassey, com dificuldades cognitivas, é condenado por ser cúmplice do tio.

“Making a Murderer” não é o primeiro fenómeno do género. Antes da minissérie documental ter invadido computadores e tablets, o podcast Serial invadiu os headphones de meio mundo. O programa de áudio produzido pela repórter Sarah Koenig chegou a ser ouvido, em média, por três milhões de pessoas. No centro da história, mais um homicídio, desta vez o de Hae Min Lee. O ex-namorado Adnan Syed foi condenado a prisão perpétua, em 1999, pela morte de Hae. Afirma ser inocente.

Na concorrente HBO, há outra minissérie documental que tem dado que falar, “The Jinx – The Life and Deaths of Robert Durst”, que em seis episódios conta a história das mortes misteriosas que rodeiam o protagonista – Robert Durts, a ovelha negra de uma família de classe alta nova-iorquina.