O presidente do Zimbabué Robert Mugabe celebrou, este sábado, 92 anos de vida com um enorme bolo numa zona particularmente afetada pela seca. Habituado a dar nas vistas pelas suas grandes festas de aniversário, a de este ano não foi exceção e implicou um custo de 800.000 doláres (cerca de 730.000 euros).
Robert Mugabe thanks the 'good and generous' people of Tipperary for baking his 92nd birthday cake. #GE16 pic.twitter.com/zytZCtMZ2m
— Mallow News (@MallowNews) February 28, 2016
Além do bolo gigante, 92 balões foram libertados em representação óbvia dos 92 anos de Mugabe, feitos no passado dia 21. O presidente ouviu ainda poemas, canções e cânticos, que o saudaram enquanto ícone africano e um visionário. Nada que ofusque os caprichos presidenciais da festa do ano passado, que ficou marcada pela presença de dois elefantes, dois búfalos e cinco impalas no menu de degustação.
Não obstante, a festa de aniversário está envolta em controvérsia por ter sido realizada na província de Masvingo, onde 75% das culturas de milho foram completamente destruídas pela seca — é parte do país mais atingida na pior seca desde o início dos anos 1990.
No poder há 35 anos, Mugabe já afirmou que ninguém passará fome tendo em conta a seca provocada pelo fenómeno climático El Niño e que já terá prejudicado mais de 3 milhões de pessoas — o “estado de catástrofe” foi declarado na maioria das regiões rurais do Zimbabwe.
No discurso que proferiu, depois de comer o grande bolo, Mugabe falou do problema da seca e da possibilidade de o país ter de vir a pedir ajuda: “Se a ajuda for dada sob o princípio de que temos de aceitar casamentos gay, então essa ajuda que fique onde está, é ajuda podre, ajuda suja”.
Mugabe governa o país desde 1980, primeiro como primeiro-ministro e, desde 1986, como presidente. A sua liderança tem sido marcada por suspeitas e relatos de tortura e assassínios de opositores políticos e, em termos económicos, é acusado por muitos de ter destruído a economia do país enquanto ele ficou cada vez mais rico.
Isso não o impediu, no entanto, de ter recebido o “Nobel da Paz” da China — falamos do prémio Confúcio da Paz, criado em 2010 como resposta ao Prémio Nobel da Paz entregue ao dissidente chinês Liu Xiaobo.