Mariano Rajoy, ainda chefe do governo espanhol, acusou Pedro Sánchez, o líder dos socialistas do PSOE, de se apresentar com um acordo com o Ciudadanos que “não tem o mínimo sentido do ridículo” e de avançar com uma candidatura “irreal e fictícia”. Já começou, nesta quarta-feira, o segundo dia de debate no Parlamento, em que Pedro Sánchez vai tentar a investidura – mas não será fácil.

O chefe do governo arrancou os trabalhos às 9h00, hora espanhola, e não se poupou nas palavras. A Sánchez, Rajoy disse que “só pensa na sua própria sobrevivência“.

O debate está a ser quentinho e Pablo Iglesias já foi calmamente repreendido pelo presidente da Câmara, que aproveitou um discurso inflamado do líder do Podemos para fazer um ponto de ordem – contra os “insultos” e “faltas de respeito” que já estavam a verificar-se, na sua opinião. O El País tem um vídeo, aqui.

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Sanchez já respondeu às críticas de Rajoy. Para o líder socialista, é por causa da “incapacidade” do líder do Partido Popular de “chegar a acordos com as outras forças políticas” que o parlamento espanhol está a votar a investidura de Sánchez. Às críticas de Rajoy de que este processo está a ter impacto na confiança dos investidores e da Comissão Europeia, Sánchez contrapôs que “em nenhum dos últimos anos o senhor [Rajoy] cumpriu com as metas de Bruxelas”.

E acrescentou: “Coisas da vida, aqueles [o Podemos] que utilizou como desculpa [para não celebrar acordos] podem, agora, ser a sua bóia de salvação”. O Podemos já indicou que votará contra a investidura de Sánchez apoiada pelas “marionetas dos poderosos” que Pablo Iglesias diz serem os membros do Ciudadanos.

Na resposta, Albert Rivera, do Ciudadanos, defendeu que este é o fim do tempo de Rajoy. “Acredito que o senhor Rajoy não tem credibilidade para liderar esta nova etapa política. O senhor Rajoy despreza o facto de Espanha ter de ser reformada”.

Quem não quer ouvir falar do pacto entre Ciudadanos e o PSOE é Aitor Esteban do Partido Nacionalista Basco (PNB).

“Poucos entendem porque optou por um pacto com o Ciudadanos, que é um partido que tem uma ideologia enublada e que só se baseia na oposição ao nacionalismo Catalão e Basco”, disse Aitor Esteban dirigindo-se a Pedro Sánchez.

Como resposta, o líder do PSOE “estendeu a mão para diálogo” ao PNB. Pedro Sánchez lembrou que “podem-se encontrar muitos pontos em comum através do diálogo”, argumentando que o acordo que mantém com o Ciudadanos não é um impedimento para o entendimento entre o PSOE e o PNB.

Na intervenção do Grupo Misto, um grupo constituído por 7 partidos, Joan Baldoví, portavoz do Compromís, avisou que não subscreve o acordo entre o PSOE e o Ciudadanos e propõe que seja feito um documento de consenso redigido com a participação de todos os partidos que garantem a maioria ao PSOE.

O acordo com o Ciudadanos parece estar a dificultar a aceitação dos outros partidos. Sánchez quer pôr em prática um plano com políticas económicas de direita e uma agenda social de esquerda, afirma Alberto Garzón, líder da Izquierda Unida.

“É impossível manter uma agenda social com postulados liberais”, disse Garzón no Congresso dos Deputados. O líder da Izquierda Unida apelou Pedro Sánchez a retomar o debate com o Podemos.

Patxi López, presidente do Congresso dos Deputados, anunciou que a primeira votação do debate de investidura de Pedro Sánchez foi adiantada para 19 horas de Espanha (18 horas em Lisboa).

Atualizado com novas informações às 18h15m.