“Confio plenamente no meu marido e estou convencida da sua inocência”. São estas as primeiras declarações de Cristina de Borbón em tribunal, no âmbito do julgamento do caso Nóos, que arrancou em janeiro. A infanta é acusada de cooperação nos alegados crimes do marido, Iñaki Urdangarin.

O caso baseia-se no alegado desvio de mais de seis milhões de euros de dinheiro público da instituição desportiva Nóos, que terá sido usada para ganhar contratos falsos e inflacionados. A infanta detinha 50% da empresa Aizoon e o marido detinha os restantes 50%, e era alegadamente através dessa empresa que era feito o desvio do dinheiro.

A infanta pode ser condenada a oito anos de prisão e a pagar uma multa de dois milhões de euros. Além de se mostrar confiante na inocência do marido, a infanta garante que não cometeu nenhum crime: “Eu não tinha poderes na Aizoon (…) nunca dei instruções para nada”, disse, e limitou-se a responder às perguntas do seu advogado.

Cristina de Bórbon, 50 anos, explicou que se ocupava de tratar dos filhos, que deixava os negócios para o marido e que não falava sequer sobre “assuntos económicos e fiscais” com ele. A infanta frisou que estava completamente alheia à gestão da Aizoon: “Não me interessava falar com ele sobre esses temas, nunca me falou sobre as despesas e as receitas da Aizoon”, disse, destaca o El País. A decisão de ficar com 50% da empresa foi justificada desta forma: “O meu marido pediu-me e eu aceitei”. Foi “uma questão de confiança”, reforçou. E reitera a confiança no marido porque, mesmo que este quisesse usar o nome da infanta como “escudo fiscal”, o assunto descobrir-se-ia rapidamente. Diz a infanta que, em questões que mexem com a Casa Real, “está tudo muito controlado”, relata o El Español.

Cristina é filha de Juan Carlos I e irmã do rei Felipe VI e é a sexta na linha de sucessão à Coroa. A infanta perdeu o título de “duquesa de Palma”, retirado pelo irmão em junho de 2015, mas tem agora outro título: o de “primeiro membro da realeza espanhola a ser julgado em tribunal”. A empresa Aizoon terá sido usada para desviar 923.049 euros de contratos públicos do Instituto Nóos e para extrair 337 mil euros à Hacienda em 2007 e 2008.

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