1. Faltou uma peça na coleção…

Não literalmente, mas quase. “The Missing Piece” (a peça em falta) foi o nome que Luís Buchinho decidiu dar às propostas de outono/inverno 2016-17 que, segundo o próprio, “é fácil de perceber e difícil de explicar”. O designer portuense inspirou-se em peças de puzzle que encaixam perfeitamente uma nas outras (à exceção de uma) e desenhou vestidos, saias e casacos (com um q.b. de sensualidade) para a próxima estação fria. “Há uns anos fiz um puzzle tridimensional de uma coruja e guardei as grelhas. Como inspiração, usei a forma da peça de um puzzle para criar estampados e recortes que encaixem uns nos outros”, explicou Luís Buchinho ao Observador minutos antes de as modelos pisarem a passerelle.

2. …mas não foi fácil encontrá-la

“Para que encaixem, as peças dos coordenados foram todas cortadas a laser que é uma inovação no meu método de trabalho. Esta maneira de cortar as peças fez com que o início da coleção fosse atribulado porque estávamos a experimentar muita coisa nova”, diz o designer de moda. Escusado será dizer que tamanha investigação rigorosa em busca da peça do puzzle perdida só se poderia transformar em silhuetas elegantes com os já habituais padrões marcantes do criador. À lista juntam-se vestidos desconstruídos e ainda saias provocadoras com aberturas laterais.

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3. O espaço foi escolhido ao pormenor

Conhecido por escolher locais emblemáticos da Cidade Luz para apresentar as suas coleções, Luís Buchinho voltou a fazer jus à reputação. Depois do Conservatório Nacional de Artes e Ofícios, em outubro, ou da Biblioteca Nacional Francesa, o criador nacional elegeu o espaço Université Paris Decartes para marcar presença no calendário da Semana de Prêt-à-Porter. “Queríamos um local que tivesse um peso histórico mas que também tivesse uma característica cromática clara porque a coleção está repleta de cores neutras como preto, azul-marinho e cinza esverdeado”, diz Luís Buchinho. “Esta universidade é toda em mármore e consegue refletir uma luz perfeita para elevar a paleta cromática e as silhuetas desta coleção.”

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4. O desfile teve duas partes (e duas músicas)

Que Luís Buchinho olha para a música de cada desfile como uma página fulcral para contar a história da sua coleção, já muita gente sabe (ou não teria ele feito da passerelle uma pista de dança). No entanto, desta vez o caso mudou de figura. “Como esta coleção é um pouco abstrata e não tem uma temática de década, a banda sonora não define a coleção. Preocupei-me antes em criar um ritmo que fosse em crescendo porque começamos com uma música calma e acabamos com um ambiente de festa que acompanha os momentos da coleção.” Se a primeira escolha representa a vida citadina, a segunda relembra um ambiente mais noturno repleto de brilhos e lantejoulas.

5. Não faltaram modelos portuguesas

Maria Clara, modelo da L’Agence, foi uma das manequins com Cartão do Cidadão da República Portuguesa que pisaram a passerelle da Paris Fashion Week com os coordenados de Luís Buchinho. Prova suficiente de que o criador portuense valoriza as raízes acima de tudo. “Claro que apresentar na Semana de Moda de Paris ao lado de importantes nomes da moda é uma enorme responsabilidade mas sinto que no Porto temos feito uma extraordinária evolução.” Buchinho segue agora para casa onde vai marcar presença com “um desfile fabuloso” na edição nacional do Portugal Fashion já no próximo dia 19 de março pelas 12h30.

O Observador viajou para Paris a convite do Portugal Fashion.