Sublimotion

Ibiza, Espanha. 1700€ por refeição

Atenção: o preço que se reproduz acima não é gralha. Jantar no Sublimotion, em Ibiza, é mesmo uma excentricidade de calibre invulgar. E o preço não se explica apenas pela cozinha vanguardista do chef Paco Roncero, dono de duas estrelas Michelin no seu restaurante de Madrid, La Terraza del Casino. Para começar, na única mesa de refeições disponível — que fica naquilo a que os próprios chamam “uma cápsula” muito sofisticada — cabem apenas 12 clientes. Depois, cada menu de degustação inclui, segundo a Forbes, entre 15 a 20 pratos e é “um banquete para os sentidos — combina gastronomia, arte e tecnologia, durante uma refeição que dura aproximadamente três horas”. O espetáculo, que aqui substitui as expressões refeição ou jantar, continua de estômago cheio (e carteira vazia) num terraço privado de 250 metros quadrados. Privilégios que se fazem pagar. E de que maneira.

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Nas paredes do Sublimotion são projetados cenários que ajudam a transformar a refeição num espetáculo sensorial. (© Divulgação)

Masa

Nova Iorque, Estados Unidos da América. 540€ por refeição

O Guia Michelin não só lhe dá três estrelas desde 2009 como afirma que “talvez seja o melhor sushi que se come no continente [americano]”. E se a localização do Masa — o quarto piso de um centro comercial de luxo — não é obstáculo, o preço muito menos: o privilégio de provar o omakase (menu de degustação) do chef Masa Tamayaka custa a módica quantia de 595 dólares (cerca de 540€), valor que nem sequer inclui bebidas ou impostos. O que inclui — desde 1 de março, diz a Forbes — é a gorjeta: são vários os restaurantes de luxo da cidade que aumentaram os salários dos seus empregados e, em contrapartida, adotaram uma rigorosa política de no tipping, depois de perceberem que o valor recebido em gorjetas tinha, em muitos casos, mais a ver com a raça ou o género de quem atendia do que propriamente com a qualidade do seu serviço.

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Masa Tamayaka serve o que a Michelin diz ser “talvez o melhor sushi do continente [americano]” (foto: © Divulgação)

Guy Savoy Monnaie de Paris

Paris, França. 490€ por refeição

Em 2015, o mestre francês Guy Savoy transferiu o seu restaurante parisiense para o edifício da Monnaie de Paris, uma espécie de Casa da Moeda francesa, no sexto arrondissement (bairro) da capital, junto ao Louvre e à Pont Neuf. A vizinhança é tão boa que o restaurante — mais um três estrelas Michelin — não faz a coisa, ou melhor, a conta, por menos: o menu de degustação de 18 pratos, com um título que se traduz por algo como “Inovações e Inspirações” custa 490€ por pessoa. Neste caso, almoçar sai bastante mais em conta — 110€ por pessoa.

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A casa parisiense de Guy Savoy fica na Casa da Moeda francesa. Mas para pagar os 490€ do menu de degustação de 18 pratos dão mais jeito notas ou cartões. (© Divulgação)

Kitcho

Arashiyama, Kyoto, Japão. 435€ por refeição

O chef Kunio Tokuoka segue a tradição familiar no Kitcho, o restaurante que o seu avô, Teiichi Yuki, fundou em Osaka, em 1930 antes de se instalar num edifício que faz lembrar um antigo templo de chá (os japoneses chamam-lhe sukiya) em Arashiyama, nos arredores de Kyoto, cerca de duas décadas depois. Hoje há seis Kitcho espalhados pelo Japão, mas a casa-mãe continua a ser essa, onde Tukuoka serve vários menus de preço fixo. O mais caro, que inclui 10 capítulos, chamemos-lhe assim — entre sopas, sashimi, cozinhados a vapor ou na grelha, entre outros — custa 54.000 ienes (sensivelmente 435€). Pode consultá-lo aqui. Já agora, o menu de degustação (omakase) de mercado pode, avisa a Forbes, ultrapassar esse valor. Destina-se, dizem, “a aventureiros”. Endinheirados, pode acrescentar-se.

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O estilo de arquitetura do Kitcho faz lembrar a de um templo de chá japonês.
(© Divulgação)

Ultraviolet

Xangai, China. 420€ por refeição

O Sublimotion, restaurante que lidera esta lista, não é uma ideia propriamente original. E basta olhar para a imagem abaixo para o perceber. Parece o mesmo restaurante, certo? Não é. Trata-se do Ultraviolet, em Xangai, inaugurado em 2012, com base numa ideia que o chef francês Paul Pairet desenvolveu durante mais de 15 anos. A Forbes descreve-o como uma “experiência de jantar multisensorial que inclui “um espetáculo de luz, música temática relacionada com os pratos servidos e os nomes dos comensais projetados na mesa”. Tudo coisas que também acontecem no Sublimotion, tal como os 20 pratos servidos a cada jantar. O preço é que aqui é substancialmente menor: 3000 yuans, ou cerca de 420€, por pessoa. Ainda assim, suficiente para alcançar o 5ºlugar desta lista.

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O chef Paul Pairet, responsável pelo conceito do Ultraviolet é autor de uma teoria que associa o sabor à psicologia. (foto: © Divulgação)

Joël Robuchon

Las Vegas, Estados Unidos da América. 390€ por refeição

Para jantar no restaurante de Joël Robuchon no casino MGM Grand, em Las Vegas, é preciso: a) uma carteira funda; b) muita sorte ao jogo; c) uma combinação das duas hipóteses anteriores. No único três estrelas Michelin da chamada sin city (cidade do pecado) o menu de degustação do mítico chef francês (considerado “chef do século” pelo guia Gault Millau em 1989) custa quase 400€. E a verdade é que há quem perca muito mais do que isso numa simples jogada de blackjack. Entre os produtos utilizados encontram-se todos os incontornáveis na alta cozinha francesa: caviar, lagosta, trufa ou foie gras. E não podia ser de outra forma. Quem quiser provar a cozinha de Robuchon numa versão (ligeiramente) mais acessível, tem outra restaurante do chefe no mesmo casino: o L’Atelier.

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O restaurante de Joël Robuchon em Las Vegas tem traços de Art Deco.
(© Scott Frances)

Alain Ducasse au Plaza Athénée

Paris, França. 390€ por refeição

Ao longo da sua já longa carreira, o monegasco Alain Ducasse acumulou mais de duas dezenas de estrelas Michelin. Três delas pertencem ao seu restaurante na Plaza Athénée, em Paris, reaberto em 2014. Tal como no seu outro restaurante na capital francesa, o Le Meurice, o menu fixo de jantar, intitulado “Jardin Marin”, custa 390€, sem bebidas. Inclui três pratos, queijos e sobremesa. A Forbes refere que em ambos os restaurantes o almoço sai bastante mais em conta (dentro do possível neste universo): vale 210€.

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O cenário impressiona tanto como a conta final.
(© Divulgação)

L’Arpège

Paris, França. 370€ por refeição

Depois de Savoy, Robuchon e Ducasse, parecia mal que outro dos grandes nomes da alta cozinha franesa, Alain Passard, não tivesse o seu lugar nesta lista. Mas tem. No seu L’Arpège, que há duas décadas ostenta três estrelas Michelin, cobram-se 370€ pelo menu de degustação mais completo, que a Forbes garante incluir o prato mais lendário da casa: o ovo quente e frio. O menu vegetariano, que também deu fama ao chef-saxofonista francês, fica por 270€. Uma pechincha. Ou se calhar não.

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Urasawa

Los Angeles, Estados Unidos da América. 360€ por refeição

A Forbes refere que há quem considere o Urasawa “o Masa [restaurante segundo colocado desta lista] da Costa Oeste dos Estados Unidos”. Isto porque o chef que dá nome à casa de Los Angeles, Hiro Urasawa, foi discípulo de Masa Tamayaka, dono do restaurante homónimo em Nova Iorque. Ora, se considerarmos o preço do Masa, 540€/pessoa, pornográfico, o do Urasawa, 360€, será apenas softcore. Explica-se por ficar em Rodeo Drive, a rua mais famosa de Beverly Hills, ter apenas dez lugares — ao que consta, não é nada fácil reservar — e cada menu omakase incluir cerca de 30 pratos, do sushi à alta cozinha nipónica.

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A matéria-prima do sushi que se serve no Urasawa.
(foto: Takaokun / Flickr)

Maison Pic

Valence, França. 320€ por refeição

Não é preciso estar neste meio para saber que o mundo da alta cozinha é dominado por homens. O óbvio desequilíbrio de género que existe no metier não é, sequer — e infelizmente –, discutível. E não o é por estatísticas como esta: em 2007, Anne-Sophie Pic tornou-se apenas a quarta mulher em todo o mundo a ser distinguida com três estrelas Michelin. Tanto o pai, Jacques, como o avô, André, já o tinham conseguido, pelo trabalho no restaurante (e hotel) da família, o Maison Pic, em Valence, perto dos Alpes franceses. Apesar de inicialmente ter recusado seguir as pisadas dos seus antecessores, Anne-Sophie acabou por ceder à tradição familiar e em 1997, cinco anos após a morte do pai, tomou conta da cozinha do Maison Pic. Ali, pratica uma cozinha que a própria descreve como tendo “grande complexidade aromática”. A melhor forma de a experimentar será através do chamado menu Essentiel (320€). Além do Maison Pic, a chef dá cara e o nome por restaurantes em Lausanne e em Paris (ambos com estrelas Michelin), e já teve planos, entretanto suspensos, de chegar a Nova Iorque.

Valence, FRANCE: TO GO WITH AFP STORY : 'Woman chef among five newly honoured with three Michelin stars'. French chef Anne-Sophie Pic poses 21 February at the Maison Pic family restaurant, in Valence, southern France. Five chefs received a third Michelin star in the 2007 Guide, among them, Pic, who becomes the only woman in France to be granted with three stars. Anne-Sophie Pic, 37, who stems from a family of bespangled chefs, follows in the footsteps of only three other women to ever receive three Michelin stars: Eugenie Brazier and Marie Bourgeois in 1933, and Marguerite Bise in 1951. In addition to Pic, four other French chefs were awarded three stars: Yannick Alleno of Le Meurice; Frederic Anton of Le Pre Catelan; Pascal Barbot of L'Astrance, all in Paris; and Jacques Lameloise of Chagny in Saone-et-Loire. AFP PHOTO PHILIPPE MERLE (Photo credit should read PHILIPPE MERLE/AFP/Getty Images)

Anne-Sophie Pic vem de uma família de conceituados cozinheiros.
(foto: PHILIPPE MERLE/AFP/Getty Images)

Per Se

Nova Iorque, Estados Unidos da América. 300€ por refeição

Quando o Per Se, do chef Thomas Keller, abriu, em 2004, o preço do menu de degustação de nove pratos era de 150 dólares. Atualmente vai nos 325, com o serviço incluído, cerca de 300€ deste lado do Atlântico. Uma inflação agressiva, para que terá contribuído a presença frequente do restaurante nas listas dos melhores do mundo, tanto na recente La Liste (onde é segundo) como na famosa World’s 50 Best da revista Restaurant. Mas nem tudo são rosas: a Forbes refere uma recente crítica negativa do New York Times, onde Pete Wells conclui, resumidamente, que o Per Se não vale o dinheiro. Quem terá razão?

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O Per Se já mais que duplicou o preço do menu de degustação desde a sua abertura, em 2004. (foto: © Divulgação)

Chef’s Table at Brooklyn Fare

Nova Iorque, Estados Unidos da América. 280€ por refeição

Apesar do preço elevado, 280€ por menu e por pessoa, a Forbes avisa: “este restaurante de 18 lugares é um dos mais difíceis de reservar em Nova Iorque”. Há várias razões para que tal aconteça, além da escassez de espaço: o Chef’s Table é o único três estrelas Michelin de Brooklyn, tem uma garrafeira com mais de 3000 referências e o menu de 15 pratos do chef César Ramirez, de inspiração franco-nipónica, muda diariamente, o que leva muita a gente a querer repetir a visita. Quem pode, pode.

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Um dos restaurantes do momento em Nova Iorque.
(foto: © Divulgação)