Timor-Leste é cada vez mais usado pelas redes internacionais de tráfico de droga como uma zona de transbordo, problema que o Governo timorense começa agora a tentar abordar, conclui o Departamento de Estado Norte-Americano.

No seu relatório de 2016 sobre a Estratégia Internacional de Controlo aos Narcóticos, o Departamento de Estado dedica um capítulo de três páginas ao caso de Timor-Leste, país que “continua a ser um mercado menor para as drogas ilícitas”.

Apesar disso, escreve o Departamento de Estado, “as redes internacionais de tráfico parecem estar a explorar progressivamente o país como zona de transbordo”.

As autoridades timorenses e os observadores internacionais, esclarece o relatório, acreditam que os traficantes estão a aproveitar-se das fronteiras porosas de Timor-Leste e da sua “insuficiente capacidade de aplicar a lei” para transportar narcóticos ilegais através de Timor-Leste para a Indonésia e para outras partes da região.

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Segundo fontes timorenses citadas no documento, as drogas que transitam por Timor-Leste são quantidades desconhecidas de metanfetaminas, heroína, marijuana e cocaína.

“Timor-Leste está só a começar a focar-se e a compreender bem a dimensão das questões do tráfico. Há vontade política para combater as drogas, mas os quadros legal e de investigação necessários para montar uma estratégia nacional eficaz de combate ao tráfico de droga estão ainda a dar os primeiros passos”, conclui o Departamento de Estado.

No mesmo relatório, a Guiné-Bissau é descrita como um centro de trânsito do tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa.

“A falta de capacidade de aplicação da lei no país, a sua demonstrada suscetibilidade à corrupção, as fronteiras porosas e a sua conveniente localização fornecem um ambiente oportuno para os traficantes”, escreve o Departamento de Estado na página relativa à Guiné-Bissau.

O Departamento de Estado acusa ainda o sistema político guineense de ser “suscetível e estar sob influência de traficantes de droga” e escreve que “a cumplicidade de responsáveis governativos a todos os níveis nesta atividade criminosa inibe uma completa avaliação e resolução do problema”.

O relatório cita o gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) para dizer que o consumo de droga é um problema crescente na Guiné-Bissau, embora ainda a um nível reduzido, mas sublinha que não há qualquer estudo sistemático que permita avaliar a dimensão do problema.

Já sobre Cabo Verde, o Departamento de Estado conclui que o país não é um produtor significativo de narcóticos, mas refere que a sua localização estratégica no Oceano Atlântico faz do arquipélago um centro de trânsito importante para o tráfico de cocaína proveniente da América do Sul para a Europa.

O relatório sublinha que “o governo cabo-verdiano tem tomado medidas para responder ao tráfico de droga, que é visto pelos responsáveis governativos e pelo público em geral como um problema sério”.

O relatório refere depois os setores em que a cooperação norte-americana tem ajudado Cabo Verde a lidar com o narcotráfico, nomeadamente no combate à lavagem de dinheiro, na luta contra o crime através da formação das forças armadas e forças policiais de Cabo Verde, na assistência financeira e técnica à unidade de investigação financeira do Ministério da Justiça ou na partilha de informação sobre aplicação da lei.