A ministra da Administração Interna indicou esta quinta-feira, em Bruxelas, que as autoridades portuguesas estão a analisar a lista com os dados relativos a elementos ligados ao grupo extremista Estado Islâmico, mas referiu que não é de esperar “nenhuma novidade” quanto a cidadãos portugueses.

“Todos sabemos que existem alguns nomes de lusodescendentes que aderiram às fileiras do Daesh e que estão perfeitamente monitorizados pelas nossas autoridades, e portanto aí não há nenhuma novidade que possamos esperar”, disse à margem de uma reunião de ministros do Interior da União Europeia.

De acordo com Constança Urbano de Sousa, as autoridades portuguesas “estão naturalmente a trabalhar com as suas congéneres para analisar não só a veracidade dessa lista, como o seu conteúdo.” É aos Serviços de Informação de Segurança validar esta informação antes de passar a lista à Unidade Nacional de Combate do Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária, confirmou ao Observador fonte do Governo.

A ministra afirmou ainda que a questão da cooperação e troca de informações entre os estados-membros “nem sequer foi um tema que tivesse levantado qualquer alarido” na reunião em Bruxelas, e garantiu que “as autoridades portuguesas estão a trabalhar com as suas congéneres de acordo com os mecanismos normais de cooperação internacional, que estão perfeitamente estabelecidos e a funcionar”. “Neste momento, a informação que eu tenho é que as autoridades portuguesas têm acesso a essa lista, e estão neste momento a analisar“, concluiu.

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A informação avançada pela ministra foi entretanto confirmada pela procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal. “Esses dados estão a ser avaliados no âmbito dos processos que já existem sobre essa matéria”, disse a procuradora, à margem da conferência “Arte e Cidadania — Diálogos em Contexto Prisional”, que decorreu esta quinta-feira na cidade do Porto.

Joana Marques Vidal realçou que a cooperação internacional no combate ao terrorismo é “profícua e constante” e sustentou que “em Portugal, existem entidades que têm como responsabilidades o combate ao terrorismo, que atuam em coordenação entre si e que, como é claro, têm uma relação com as autoridades com as mesmas responsabilidades noutros países europeus, sendo essa cooperação fundamental”.

Também o primeiro-ministro, António Costa, declarou que as autoridades portuguesas estão a “acompanhar a situação” em torno da lista ligada ao Estado Islâmico, reiterando a ideia defendida esta tarde pela ministra da Administração Interna.

“As autoridades estão a acompanhar a situação e a tomar as medidas adequadas perante as informações que têm sido conhecidas”, vincou Costa em declarações à agência Lusa, no final de uma reunião de cerca de duas horas com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A estação de televisão britânica Sky News revelou ter recebido das mãos de um jihadista arrependido milhares de documentos do grupo extremista Estado Islâmico. Segundo a estação, a documentação inclui os nomes de milhares de combatentes de, pelo menos 51 nacionalidades diferentes, incluindo contactos telefónicos ativos e moradas.

Entre os documentos que já foram divulgados online, mas cuja veracidade ainda não foi validada, estará um jihadista marroquino que passou por Portugal, e depois por Espanha e França, antes de rumar à Síria, noticiou o Expresso. Especialistas em segurança internacionais têm apontado alguns erros e inconsistências que põem em causa a veracidade dos documentos. Já não seria a primeira vez que documentos deste tipo tinham sido forjados.

Artigo atualizado às 19h48 com as declarações da procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, e às 22h00 com as declarações do primeiro-ministro António Costa.