O primeiro-ministro, António Costa, considerou hoje, em Paris, que seria “absolutamente irresponsável” da parte do PSD votar contra compromissos internacionais do Estado português assumidos pelo Governo anterior, caso dos apoios à Grécia e Turquia.

Questionado, no final de uma reunião de líderes socialistas europeus, realizada no Eliseu, sobre as dificuldades que o Governo poderá sentir na Assembleia da República para ver aprovados os apoios à Turquia e à Grécia, inscritos no Orçamento de Estado para 2016, António Costa referiu que PCP e Bloco de Esquerda, partidos que apoiam o Governo mas deverão votar contra, estão a ser “coerentes”, e “quem está a mudar de posição é o PSD”.

“Nós estamos numa situação muito original, que é o facto de, pela primeira vez na história de todos os orçamentos, dois partidos, o PSD e o CDS, ou melhor, um partido sobretudo, que é o PSD, ter tomado esta posição muito original de votar contra tudo na especialidade, mesmo normas exatamente iguais àquelas que estavam em vigor no ano passado e mesmo normas que dão simples execução a compromissos internacionais assumidos pelo Governo anterior”, referiu, dando o exemplo concreto do apoio à Turquia na questão dos refugiados.

Apontando que “os 24 milhões de euros que estão previstos transferir para a Turquia foram objeto de um compromisso internacional pelo anterior Governo no Conselho Europeu de La Valetta”, António Costa disse que o atual executivo socialista está simplesmente “a cumprir” e seria “um Governo irresponsável se não desse continuidade àquilo que são os compromissos internacionais do Estado português”.

“Recordo que, aquando da formação deste Governo, uma das preocupações muito grandes que o então Presidente da República (Aníbal Cavaco Silva) enfatizou era a necessidade de dar continuidade aos compromissos internacionais”, assinalou.

“Dirão: «ah, mas os outros partidos podiam ter uma posição diferente». Podiam. Mas são coerentes com o que sempre disseram: o PCP e o Bloco de Esquerda sempre foram contra estas normas nos orçamentos anteriores, teriam que mudar agora de posição. Quem está a mudar de posição é o PSD, que, sempre tendo sido a favor destas normas, que tendo assumido em nome do Estado português estas responsabilidades, agora se recusa a dar-lhes tradução”, disse.

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