A detenção, na sexta-feira, de Salah Abdeslam, o principal suspeito dos atentados de novembro em Paris, é “um golpe importante para a organização terrorista [do Estado Islâmico] na Europa”, afirmou este sábado o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve.

“As operações ajudaram a colocar em ordem e prejudicar vários indivíduos que demonstraram a sua perigosidade extrema e a sua determinação inabalável”, disse, no final de um Conselho de Defesa no Palácio Eliseu.

O ministro considerou ainda que “Salah Abdeslam deve responder pelas suas ações perante os tribunais franceses”.

Salah Abdeslam, de 26 anos, que alegadamente esteve envolvido no planeamento dos ataques terroristas de 13 de novembro em Paris, que provocaram a morte a 130 pessoas, foi capturado na sexta-feira, em Bruxelas, depois de uma operação da polícia belga.

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Abdeslam era procurado com um mandado internacional europeu emitido por um juiz francês, o que deve facilitar a sua entrega à justiça francesa pelas autoridades belgas, país onde foi detido, pois o mandado permite evitar o procedimento internacional de extradição.

“No quadro dos procedimentos abertos na sequência dos atentados de 13 de novembro, dez indivíduos foram indiciados, dos quais dois em França e oito na Bélgica”, lembrou Bernard Cazeneuve, acrescentando que “outras pessoas ainda são procuradas ativamente”.

Na França, desde o início do ano, “já foram interrogadas 74 pessoas ligadas a atividades terroristas, 37 foram indiciadas e 28 presas”, disse o ministro do Interior.

O presidente francês François Hollande reuniu-se este sábado com o Conselho de Defesa para rever as operações antiterroristas.

Além do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e do ministro do Interior, o encontro do Conselho de Defesa inclui os ministros da Defesa, da Justiça e dos Negócios Estrangeiros, altos oficiais da área da segurança e o chefe das Forças Armadas.

Abdeslam, de 26 anos, e quatro outros suspeitos foram detidos no bairro de Molenbeek, nos arredores de Bruxelas. François Hollande disse que Paris vai exigir a extradição de Abdeslam da Bélgica “o mais rapidamente possível”.

Depois de a Bélgica ter detido uma série de pessoas com ligações a Abdeslam, François Hollande admitiu que podem estar muito mais pessoas envolvidas nos ataques de Paris do que o inicialmente esperado.

Conselho de segurança belga reúne-se e mantém nível de alerta terrorista

O Conselho Nacional de Segurança da Bélgica decidiu manter o alerta terrorista no nível três, numa escala de quatro, depois da detenção de Salah Abdeslam.

A decisão foi anunciada pelo primeiro-ministro belga, Charles Michel, após a reunião em que os ministros do Interior, Jan Jambon, dos Negócios Estrangeiros, Didier Reynders, da Justiça, Koen Geens, e da Defesa, Steven Vandeput, e responsáveis policiais e da luta contra o terrorismo avaliaram a situação de segurança.

O nível de alerta três, que se traduz numa avaliação de “ameaça possível e credível”, foi ativado na Bélgica depois dos atentados de 13 de novembro em Paris.

Também em França, o “nível de ameaça permanece muito elevado”, lembrou François Hollande. Um membro da equipa de Hollande explicou à France Presse que o “objetivo, depois da detenção de Salah Abdeslam e de vários dos seus cúmplices, é rever as operações que estão a decorrer na luta contra os grupos terroristas em França e no resto da Europa”.

Os atentados de Paris, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, fizeram 130 mortos e mais de 300 feridos.