Didier Reynders, ministro dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, tinha avisado: Salah Abdeslam planeava fazer “alguma coisa em Bruxelas” depois dos atentados de novembro em Paris. Terá sido o próprio Abdeslam que deu a entender que a unidade terrorista a que pertencia tinha como próximo alvo a capital belga, depois da capital francesa.

Segundo o jornal Politico, que ouviu um alto funcionário belga, Salah Abdeslam esteve diretamente envolvido na preparação dos atentados desta terça-feira. Antes de o suspeito dos ataques de Paris ter sido detido na semana passada, a polícia encontrou as suas impressões digitais num apartamento do bairro de Forest, em Bruxelas, onde também havia detonadores e bombas que, acredita a pessoa ouvida, eram para ser usados nestes ataques.

Após a detenção de Abdeslam, “os seus primeiros comentários foram que queria ir ao Stade de France e que ia fazer-se explodir, mas não o fez. E a outra informação foi que estava disposto a recomeçar qualquer coisa em Bruxelas”, disse o ministro. “E provavelmente é verdade, porque encontrámos muitas armas, armas pesadas, nas primeiras investigações e encontrámos uma rede nova em volta dele em Bruxelas”, acrescentou Didier Reynders.

Os acontecimentos desta manhã em Bruxelas ainda não foram oficialmente associados à detenção de Salah Abdeslam, nem a grupos ligados ao cidadão francês.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ao Observador, Anthony Baert, um economista do banco holandês ING, fez esta manhã um relato da situação a partir do escritório do qual lhe pediram para não sair. “Toda a gente está convencida de que os ataques de hoje estão relacionados com a detenção de Abdeslam, na última sexta-feira, o homem que participou nos atentados de Paris mas que escapou. Ainda assim, ainda não existe informação oficial sobre a identidade dos autores deste atentado”, diz o economista.

A polícia está, entretanto, a procurar um novo suspeito de envolvimento dos atentados de Paris. O presumível cúmplice foi identificado como Najim Laachraoui, de 24 anos, mais conhecido pelo nome falso de Sufiane Kayal.

O suspeito, que foi identificado através do ADN encontrado em casas usadas pelo Daesh, continua em fuga. “As investigações revelaram que Sufiane Kayal pode ser identificado como Najim Laachraui, nascido a 18 de maio de 1991 e que viajou para a Síria em fevereiro de 2013”, afirmou num comunicado a procuradoria federal belga.

Laachraui é suspeito de ter estado em contacto telefónico com membros do comando terrorista na noite de 13 de novembro.

The Guardian fala em “vingança” pela detenção de Abdeslam

Ainda é cedo para tirar conclusões sobre os acontecimentos em Bruxelas, mas há várias posições que estão a ganhar força. O The Guardian admite que este possa ser um ataque por “vingança” após a detenção de Salah Adbeslam. Mas pode olhar-se para este ataque, diz o jornal, como uma indicação de que existem outras células terroristas ativas ou, até, de que os serviços de segurança não estão a fazer um bom trabalho a evitar estes acontecimentos.

“Para os terroristas, o objetivo é mostrar que ainda conseguem aterrorizar, mobilizar e polarizar por meio de violência”, escreve o repórter Jason Burke. “Não se trata tanto de uma vingança, mas de uma simples demonstração do que [os terroristas] continuam a ser capazes”.