As vítimas mortais provocadas pela epidemia de febre-amarela em Angola subiram, até domingo, para 185 entre um total de 1.311 casos suspeitos em investigação, o que representa um aumento de mais de meia centena em três dias.

De acordo com o mais recente boletim sobre a evolução da epidemia, do Ministério da Saúde angolano e da Organização Mundial de Saúde (OMS), até 27 de março estavam confirmados laboratorialmente 483 casos de febre-amarela, havendo registo de mais seis óbitos desde o balanço anterior, há três dias.

O primeiro caso desta epidemia foi identificado a 05 de dezembro, em Luanda.

O mesmo boletim, a que a Lusa teve acesso, indica que das 185 mortes por febre-amarela confirmadas em Angola, 141 foram na província de Luanda, tendo as autoridades de saúde identificado a presença do mosquito transmissor da doença no mercado do “Quilómetro 30”, no município de Viana, na capital angolana.

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Para travar a epidemia de febre-amarela, o Ministério da Saúde e a OMS lançaram uma campanha de vacinação que até 27 de março já imunizou 5.740.145 pessoas, o equivalente a 87% da população-alvo da capital angolana. A campanha, segundo a OMS, será agora alargada a outras cinco províncias com risco de transmissão local da doença.

O lixo acumulado nas ruas, falta de saneamento, dificuldades dos hospitais com falta de medicamentos devido à crise financeira generalizada no país e as fortes chuvas que se têm feito sentir, nomeadamente em Luanda, ajudam a explicar a rápida propagação da doença desde dezembro.

O ministro da Saúde de Angola, Luís Gomes Sambo, afirmou quinta-feira que Luanda vive epidemias de malária grave e febre-amarela que estão a deixar os hospitais sem capacidade de resposta, mas afastou declarar a situação de emergência na capital.

O governante anunciou a disponibilização de uma dotação adicional de mais de 30 milhões de dólares (26,8 milhões de euros) para a compra de vacinas, medicamentos e outro material médico para combater as duas epidemias que afetam a capital, verba que ainda será reforçada.

“Registámos desde o início deste ano, aqui na província de Luanda, uma epidemia de paludismo [malária] grave que tem, juntamente com a febre-amarela, aumentado a procura por parte dos utentes das unidades de saúde”, apontou Luís Gomes Sambo.

Só a epidemia de malária já terá afetado cerca de 500.000 pessoas em Luanda nas últimas semanas, sendo a doença a principal causa de morte em Angola.

Angola vive uma profunda crise económica e financeira devido à quebra das receitas fiscais com a exportação de petróleo, o que levou o Estado a cortar nos gastos. Nos últimos dias multiplicaram-se donativos de empresários e população aos hospitais de Luanda, sem consumíveis e alimentos.

“A situação é controlável, os meios de controlo estão a chegar, já foram mobilizados. O engajamento do Governo é suficiente para controlar a situação, até este momento, e portanto não vemos a necessidade de declarar o estado de emergência, esta é uma questão de momento”, concluiu o ministro.