Antes de lançar o isco ao assunto que nos traz aqui comecemos por encaminhar os leitores, para que ninguém se aborreça sem necessidade. Os que estão cansados de saber o que é o Peixe em Lisboa e de que é que trata, podem dar uso à função scroll down até encontrarem o primeiro subtítulo. Já quem, por outro lado, achar que o mote para este artigo é um concerto do músico Peixe em Lisboa, um levantamento sobre as espécies que se podem pescar no Tejo ou uma retrospetiva sobre a assombrosa prestação do ex-futebolista Peixe no Campeonato do Mundo de Futebol de sub-20, em Lisboa, há 25 anos, deve ler a explicação do parágrafo seguinte. Finalmente, quem quiser apenas saber o que pode comer deve limitar-se a navegar pela fotogaleria. Vamos a isso?

O Peixe em Lisboa é um festival gastronómico cuja primeira edição remonta a 2008. Aconteceu quase sempre — exceto por duas vezes — no mesmo local, o Pátio da Galé, no Terreiro do Paço, e sempre com o mesmo conceito: celebrar a qualidade e versatilidade do peixe e marisco português, através de degustações promovidas por chefs e restaurantes, com pratos entre os 4 e os 12€ (pagos através de um sistema de senhas), apresentações em auditório com direito a showcooking ou tertúlias com temáticas diversas. No meio de tudo isto, ainda tem espaço para um Mercado Gourmet com largas dezenas de marcas nacionais de vários ramos alimentares, sessões de harmonização de vinhos ou até a eleição do melhor pastel de nata da cidade.

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Entre os chefs que repetem a presença no evento estão Vítor Sobral, Justa Nobre, André Magalhães e José Avillez. (foto: © Fabrice Demoulin)

O que muda este ano?

Muda, para já, a entrada. Se em edições passadas se acedia ao recinto pela Rua do Arsenal e saía pelo Terreiro do Paço, este ano inverte-se o sentido. Segundo Duarte Calvão, diretor do festival, o objetivo será “aproveitar o muito movimento da praça”, convidando, dessa forma, mais pessoas a conhecer o evento.

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Outra novidade dá pelo nome ADN Pasteleiro, um concurso que vai, logo nos dias 8 e 9 — “porque este ano o Peixe em Lisboa começa pela sobremesa”, brinca o seu diretor –, pôr à prova aqueles que a organização descreve como “alguns dos mais promissores chefes pasteleiros a trabalhar em Portugal”. O júri da competição será presidido por alguém com muitos anos de vida e de cozinha: Maria de Lourdes Modesto.

Também são inovação as chamadas “Noites do Peixe”, em que o horário do evento às sextas e sábados se prolonga até às 2h da manhã (sendo que as cozinhas trabalham até à meia-noite). “Custava-nos mandar as pessoas embora à meia-noite ao fim de semana”, reconhece Duarte Calvão, que afiança que com esta iniciativa se “vai poder jantar mais descansadamente”. A animação fica garantida por DJs, e quem quiser entrar a partir da meia-noite paga 5€ com direito a uma senha de bebida. Destaque também para uma noite de fado que acompanhará os jantares de domingo, 10 de abril.

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Este ano é possível ficar no recinto até às 02h às sextas e sábados.
(foto: © Fabrice Demoulin)

Finalmente, mudam também alguns dos restaurantes e chefs que servirão todos os visitantes. Estreiam-se, de forma absoluta, na zona da restauração três nomes: Bertílio Gomes com Chapitô à Mesa, descrito pelo diretor do evento “um chef de raiz portuguesa nítida, muito focado nos bons sabores”, o Ritz Four Seasons, com o respetivo chef, Pascal Meynard, de uma escola francesa, mais clássica, e ainda o luso-moçambicano Ibo, que marca “a primeira vez que a cozinha africana está presente no Peixe em Lisboa”, como refere Calvão.

E o que não muda?

Para começar pelo que mais interessa a muita gente, os restaurantes, são vários os que repetem a presença de anos anteriores: Arola e Midori by Penha Longa Resort (este ano em conjunto), José Avillez, Kiko Martins, Nobre/Nobre Estoril (que vai ter um menu infantil, pela primeira vez), Ribamar, Taberna da Rua das Flores (este ano a solo), Tasca da Esquina e Peixaria da Esquina – Vítor Sobral.

No mesmo sentido, mantém-se a forte presença de chefs nacionais e internacionais nas sessões de showcooking do auditório, ainda que alguns dos nomes sejam, inevitavelmente, uma novidade. No capítulo dos que vêm de fora, retenham-se as seguintes presenças, por ordem cronológica:

Pino Cuttaia (12 de abril), que tem duas estrelas Michelin no seu restaurante La Madia, em Licata, na região da Sicília, e dá enorme importância à gastronomia do mar.

Elena Arzak (13 de abril), filha de Juan Maria Arzak e herdeira da cozinha do restaurante que rouba o apelido da família, que fica em San Sebastian, tem três estrelas Michelin desde 1989 e é, atualmente, o 17º classificado da lista dos 50 melhores restaurantes do mundo da revista Restaurant.

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Elena Arzak será, talvez, o nome mais forte desta edição do Peixe em Lisboa.
(foto: © Divulgação)

Nuno Mendes (14 de abril), que apesar de ser português, é mais conhecido pelo sucesso das suas experiências londrinas, do Viajante, onde ganhou uma estrela Michelin — e que quer reabrir ainda este ano — ao Chiltern Firehouse ou à Taberna do Mercado, onde recupera sabores e raízes da cozinha portuguesa. Segundo Duarte Calvão, o chef “vem falar das suas ideias inovadoras sobre peixe”.

Diego Gallegos (15 de abril) é um hispano-brasileiro conhecido como el chef del caviar. A alcunha deve-se à sua experiência com peixes de rio, que lhe valeu, recentemente, uma estrela Michelin no seu restaurante Sollo, em Málaga.

Entre os chefs que trabalham em Portugal e também têm presença marcada no auditório, contam-se dois estreantes: Tiago Feio (10 de abril), que tem vindo a desenvolver um trabalho interessantíssimo no Leopold e Rui Silvestre (11 de abril), cujo restaurante Bon Bon, no Algarve, foi distinguido em novembro último com uma estrela Michelin. A agenda completa-se com caras mais conhecidas: Henrique Sá Pessoa (10 de abril), Tomoaki Kanazawa (16 de abril) e Alexandre Silva (também a 16 de abril).

Ao longo da duração do evento, haverá ainda espaço para uma tertúlia de chefs (11 de abril, com Kiko Martins, Vítor Sobral, Miguel Laffan e Rui Paula), um debate sobre carapau (12 de abril, com Miguel Castro e Silva, Paulo Morais e Marlene Vieira) com um nome sugestivo, “Carapaus de Corrida” e um motivo nobre “puxar pelo seu valor e pô-lo em evidência”, diz Duarte Calvão, mais uma edição do concurso dos Jovens Talentos da Gastronomia (14 de abril), em colaboração com InterMagazine, ou uma conversa moderada por José Avillez (15 de abril) sobre os restaurantes da Linha (de Cascais e do Estoril), com representantes do Cimas English Bar, Beira Mar, Mar do Inferno e Muxaxo.

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Vão ser mais de 70, os expositores do chamado Mercado Gourmet.
(foto: © Fabrice Demoulin)

Entre os outros atrativos que não surpreenderão quem já tenha visitado outras edições do Peixe em Lisboa estão também as harmonizações com vinho e as provas comentadas, as aulas de cozinha, o supracitado Mercado Gourmet, que leva à Sala do Risco mais de 70 expositores de áreas distinta — não esquecendo, também, a já tradicional banca de peixe fresco de Açucena Veloso — e ainda a prova do “Melhor Pastel de Nata” em que se verá se a pastelaria Aloma repete a conquista do ano passado ou se há um novo exemplar a reinar em Lisboa. E já falta pouco para dia 7.

O quê? Peixe em Lisboa / www.peixeemlisboa.pt
Quando? De 7 a 17 de abril
Onde? No Pátio da Galé, Terreiro do Paço, Lisboa
Quanto? Ao jantar, a entrada custa 15€, com direito a uma senha de 5€ (restaurante) e uma de 1,5€ (bares). Ao almoço, os mesmos 15€ dão direito a duas senhas de 5€ (restaurante) e duas de 1,5€ (bares). À segunda-feira o preço do almoço é válido ao jantar. O bilhete de grupo (5 pessoas) custa 60€.